quinta-feira, 29 de novembro de 2012

RESUMO E EXERCÍCIOS



RESUMO DE GEOGRAFIA 

 O ESPAÇO DA NATUREZA TERRESTRE
2.1.- Dinâmica Interna e Externa da Terra 2.1.1.- Dinâmica Interna da Terra
A)Teorias sobre a origem da Terraa) religiosas (desde os Tempos Primitivos até a Idade Moderna) - o Universo foi criado por uma entidade divina, como uma Energia Cósmica, da qual emergiram todas as coisas. b) científicas (na Idade Contemporânea, desde o século XVIII com o Iluminismo criando o racionalismo, pelo qual não se pode chegar à verdade senão pela experiência e a partir do século XIX, quando surgem as ciências)  "origem a quente"- nuvens de gases incandescentes em rotação resfriam-se passando pelos estados líquido e sólido; esta teoria surgiu no início do século XX e não é aceita na atualidade. ‚ "origem por agregação" ou planetesimal- os planetas sólidos ou interiores do Sistema Solar, isto é, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, formaram-se pela colisão de poeira cósmica ou "planetesimais" juntando-se em virtude de força gravitacional, aquecendo-se por violentas reações químicas e assim aumentando sua massa e gravidade, atraindo mais poeira cósmica. O aquecimento dessa massa agregada de planetesimais, liberou gases e formou materiais incandescentes nestes protoplanetas. Estes gases ficaram retidos pela gravidade, formando uma atmosfera primitiva que se tornou isolante térmico, permitindo que os elementos mais densos ficassem no interior e os menos densos se estabelecessem na superfície destes protoplanetas, que se esfriando tornaram-se esses planetas interiores. 2.1.2- Geologia (estudo da história da Terra e da estrutura da crosta terrestre)
Enquanto o espaço sideral pode ser pesquisado através de sondas espaciais, radiotelescópios e telescópios óticos, a estrutura interna da crosta terrestre está sendo possível conhecer com o desenvolvimento da Sismologia (estudo do terremotos), da Vulcanologia, da Geofísica (estudo do calor gerado pela Terra), do Geomagnetismo (análise das propriedades das rochas capazes de propagar as ondas sísmicas). Comprovou-se, assim, que o interior da Terra é heterogêneo, formado de camadas concêntricas com materiais de temperaturas, constituição química e densidades diferentes, separadas por descontinuidades, ou áreas onde se modificam as freqüências(=refração) das ondas provenientes das profundezas da Terra.
A - Estrutura interna da Terra: basicamente 3 camadas (crosta, manto e núcleo).
a) Crosta terrestre (litosfera) - é a menos densa e a mais consistente. É constituída de duas camadas: uma externa (Sial- de 15 a 25 km de profundidade) e outra interna (Sima- até 60km). No Sial encontramos os elementos químicos que concentram 90% dos minerais formadores das rochas do subsolo da crosta, como o silício, alumínio, oxigênio e ferro. O Sial é mais espesso em áreas montanhosas com profundidade de no máximo 6O km (cerca de 1/100 do eixo terrestre, cujo comprimento médio é de 6.300 km). É também chamado de camada granítica.
Abaixo do Sial vem o Sima, ou camada basáltica, onde predomina a rocha vulcânica chamada de basalto; seus elementos químicos dominantes são o silício e o magnésio. A litosfera nos oceanos tem cerca de 5 km e só apresenta o Sima, daí as ilhas oceânicas serem de natureza basáltica.
Geologicamente a crosta terrestre é a mais importante para nós, pois nela encontram-se as rochas, formadas por minerais e estes por elementos químicos - as jazidas minerais (onde se concentram os minérios) representam o ponto de partida para a indústria extrativa mineral. Além disso, do contato, reações, combinações e desequilíbrios da litosfera (crosta sólida), da atmosfera (camada gasosa que envolve e protege a Terra) e hidrosfera (águas marítimas e oceânicas) surge a biosfera, área de domínio do homem, onde ocorrem ou não condições de florescimento da vida vegetal e animal.
A crosta não é uma camada única, mas sim constituída de várias placas tectônicas, divididas em três seções: continentes, plataformas continentais (extensões das planícies costeiras que declinam suavemente abaixo do nível do mar) e os assoalhos oceânicos (nas profundidades abissais dos oceanos). Essas três seções se equilibram dinamicamente sobre a astenosfera, conforme o princípio da isostasia: as seções continentais são mais altas e pesadas que as outras partes da litosfera, daí estarem mais afundadas nesta camada interna da Terra, provocando as subidas e descidas dos oceanos (transgressões e regressões marinhas).
Logo abaixo da crosta terrestre ou litosfera, a Sismologia admite a presença da astenosfera (até 300 km de profundidade). É uma camada líquida, constituída de massa plástica de minerais. É nela onde, além de se assentarem as placas tectônicas, se originam os sismos e os movimentos orogenéticos, que estudaremos adiante.
b) Manto - constitui 83% do volume e 65% da massa interna de nosso planeta. Situa-se abaixo da crosta e apresenta-se em estado pastoso (é o material magmático), entre 60 e 3.000 km de profundidade, e 2.000 a 3.500oC. Este material magmático está sempre em movimentação - são as correntes convectivas, que podem ser ascendentes (do manto para a crosta) e descendentes (da crosta para o manto), que resultam das diferenças de temperatura entre as camadas internas da Terra e por sua vez influem nos deslocamentos das placas tectônicas e nos agentes internos do relevo (tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos).
O manto divide-se em duas partes: o superior e o inferior (em contato com o núcleo externo). O seu material é o magma. Um dos metais encontrados no manto superior é a olivina, que se transforma em espinélio nas profundezas do manto inferior, ao descer por correntes convectivas descendentes e gerando terremotos profundos.
c) Núcleo - é a parte interna mais densa (12’3) e quente (4 a 5000oC) da Terra, com pressões altíssimas (cerca de 3 milhões de vezes maior que ao nível do mar). Apresenta duas  divisões: núcleo externo- em estado fluido (entre 3 e 5.000 km) e o ‚ interno- também chamado de semente - em estado sólido. Ambos são formados de materiais pesados (níquel e ferro, daí o outro nome de Nife), além de oxigênio junto com enxofre.
O núcleo interno está crescendo pois o núcleo externo está perdendo calor para o manto. Do núcleo externo partem as ondas eletromagnéticas que envolvem a Terra, do Pólo Norte ao Pólo Sul, devido ao atrito dele com o manto superior, já que seu movimento de rotação é mais rápido, formando remoinhos de cargas elétricas.
Entre as camadas internas da Terra há as chamadas descontinuidades (em que as ondas sísmicas mudam de freqüência), nesta ordem: crosta à descontinuidade de Mohorovicic( ou de Moho)à manto à descontinuidade de Gutemberg à núcleo externo à descontinuidade de Wiechertà semente (ou núcleo interno).
B) História Geológica da Terra -
William Smith foi o primeiro a fazer a observação científica da relação entre os fósseis e as camadas geológicas em que se encontravam. Com a descoberta da radioatividade no século XX, criou-se a possibilidade da datação científica das rochas - certos átomos radioativos, através de radiações de seus núcleos, se transformam em outros elementos (ex.: U em Pb, Cl4 em C12). Assim, para as eras mais antigas utiliza-se o isótopo de U238; para tempos mais  recentes o C14 (este em fósseis). Deste modo pode se fazer uma escala do Tempo Geológico (ou Coluna Geológica) em duas grandes Divisões, o Pré-Cambriano e o Fanerozóico (esta subdividida em 3 Eras: Paleozóica, Mesozóica e a Cenozóica (cujos períodos são o Terciário e o Quaternário). As Eras Geológicas subdividem-se em Períodos, estes em épocas e, depois, em idades e tempos. Veja a tabela abaixo.
ESCALA GEOLÓGICA DO TEMPO
(fonte: Geologia Geral - Leinz e Amaral, S.E.)
ERAS GEOLÓGICAS
PERIODOS
DURAÇAO
OCORRENCIAS
Pré-Cambriana ou Primitiva
Arqueozóico (Arqueano) e Proterozóico (Algonquiano)
Cerca de 4 bilhões de anos atrás
Formação dos escudos cristalinos e das rochas magmáticas. Primeira glaciação. Surgimento da vida unicelular.

Paleozóica ou Primária
Cambriano
Ordoviciano
Siluriano
Devoniano
Carbonífero
Permiano

320 milhões/anos
Diastrofismos hercianiano, caledoniano e taconiano (formadores de montanhas). Rochas sedimentares e metamórficas. Formação de grandes florestas: origem de bacias carboníferas. Glaciações. Surgimento da Pangéa ha 200 milhões de anos, bem como de peixes e vegetais. Primeiros insetos e répteis.
Mesozóica ou Secundária
Triássico
Jurássico
Cretáceo
Cerca de 170 milhões de anos
Fragmentação da Pangéa em Laurásia e Gondwana (130 milhões de anos). Derrames basálticos no S do Brasil, na Índia e Etiópia. Surgimento dos grandes répteis. Início da formação dos dobramentos modernos
Cenozóica
Terciário
Quaternário (atual)
69 milhões
1 milhão de anos
Dobramentos modernos(conclusão).
Surgimento dos mamíferos e do homem.
Última glaciação. Atuais continentes.
C) Processo de formação das rochas e suas modalidades
Já sabemos que a crosta terrestre é a camada mais importante para nós: no subsolo estão as  rochas, compostas por minérios e estes por elementos químicos. As rochas nos permitem identificar o passado da Terra (continentes, fauna, flora e climas). Quando ocorre uma grande concentração de minério em um determinado lugar, dá-se a formação de uma jazida mineral.
Como em relação aos produtos primários em geral, os países subdesenvolvidos ricos em jazidas minerais, têm sua cotação manipulada pelos países centrais consumidores e por suas transnacionais - portanto, possuem mas não tiram proveito de suas riquezas minerais.
Conforme o seu processo de formação, as rochas podem ser de 3 tipos principais: magmáticas, metamórficas e sedimentares. Quaisquer destes 3 tipos de rochas podem ser simples (quando possui um só mineral) ou compostas (quando há mais de um mineral, como o granito que apresenta em seu interior o quartzo, o feldspato e a mica).
As rochas magmáticas formam-se pela ascensão e consolidação do magma através das camadas da crosta. Quando a subida é rápida, o processo de endurecimento também o é - esta é a origem das rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas, como o basalto (rocha preta muito usada na decoração de calçadas da cidade do Rio, bem como de calçamento de ruas no oeste de S. Paulo e na Serra Gaúcha). Veja figura a, à esquerda.
Quando a subida do magma é lenta nas profundezas da crosta, sua consolidação também o é - daí se originam as rochas intrusivas ou plutônicas, como o granito (ou paralelepípedos de ruas). As rochas magmáticas foram as primeiras a se formarem na crosta terrestre. Veja a figura b à direita.
As rochas metamórficas são o produto de transformações (ou metamorfismo) de outras rochas já formadas, devido a altas temperaturas ou pressões do magma ao subir pela crosta. Assim o granito transforma-se em gnaisse; o calcário, em mármore, etc.
As rochas sedimentares resultam da desagregação mecânica ou decomposição química (ou intemperismo físico e químico) das rochas anteriores, originando grãos e pós depositados geralmente em bacias sedimentares e depois litificados (sedimentos passam a ser uma rocha coerente). Conforme o seu processo de sedimentação, estas rochas podem ser orgânicas (acumulação e decomposição de restos animais ou vegetais, como o carvão, o petróleo, o xisto), detríticas (formadas por detritos ou partículas resultantes da erosão e transporte de agentes externos do relevo- ex.: areia, argila); químicas (originárias de decomposição química ou evaporação como o calcário, o sal). Estas rochas sedimentares são também chamadas de estratigráficas, pois se depositam em camadas ou estratos nas bacias sedimentares.
D) Tipos de estrutura geológica da Terra.
A estrutura geológica representa a base rochosa sobre a qual se assentam as 4 formas de relevo- montanhas, planaltos, planícies e depressões. Há 3 modalidades de estrutura geológica em nosso planeta: as plataformas ou crátons, os dobramentos e as bacias sedimentares.
a) As plataformas ou crátons são as bases geológicas de todos os continentes. Originaram-se na Era Pré-Cambriana, quando ainda havia um continente só, a Pangéia. São constituídos de rochas magmáticas e metamórficas, ricas em minérios metálicos (ferro, bauxita, cobre).
Quando estão à flor da superfície terrestre chamam-se escudos ou maciços cristalinos, como por exemplo os Escudos Guiano e Brasileiro (na América do Sul), Canadense, Escandinavo (N da Europa), Siberiano (Ásia), Guineano (África) e Australiano. A ação dos agentes externos modelou esses escudos tornando-os arredondados e transformando-os em planaltos cristalinos. Quando essas plataformas apresentam-se cobertas por sedimentos têm a designação de plataformas cobertas.
b) Os dobramentos são montanhas que se apresentam sob a forma de curvas côncavas e convexas. Podem ser antigos e recentes. Os dobramentos antigos se formaram pelas orogêneses ocorridas nas Eras Pré-Cambriana (huroniano, há dois milhões de anos) e Paleozóica (Caledoniano- no começo dessa era, e Herciniano -no final). Por serem velhas geologicamente apresentam formas suaves e arredondadas, sem elevadas altitudes. Os dobramentos paleozóicos são importantes pela presença de jazidas carboníferas - como, por exemplo, os Apalaches (NE dos EUA) e os Urais (Rússia).
Os dobramentos modernos apresentam formas pontiagudas e elevadas altitudes, pois sofreram relativamente menos a ação dos agentes do modelado terrestre (chuvas, geleiras, intemperismo, etc.). Por serem novos (fim do Mesozóico e começo do Terciário) apresentam instabilidades tectônicas (vulcões e terremotos). No fundo dos mares recebem a denominação de dorsais submarinas. Geralmente se localizam em áreas de encontro de placas tectônicas, como os Andes, as Montanhas Rochosas e cadeias paralelas (oeste da América do Norte), o Himalaia, o Atlas (África),os Alpes.
c) As bacias sedimentares resultam da deposição de sedimentos em depressões relativas ao longo dos milhões de anos. Elas recobrem ¾ da superfície terrestre. Podem ser antigas ou recentes. São antigas quando remontam às Eras Paleozóica e Mesozóica, por deposição de  sedimentos provenientes de erosão de maciços pré-cambrianos; são mais recentes quando remontam ao Cenozóico, de modo geral como ocorre com as planícies litorâneas (ou baixadas) e fluviais.
Na medida em que se pesquisam as camadas das bacias sedimentares encontram-se fósseis e rochas, que nos permitem avaliar o passado da Terra - aí está a sua importância geológica.
Nestas bacias sedimentares há jazidas carboníferas (quando a depressão relativa era preenchida por águas continentais lacustres e haviam florestas próximas) e petrolíferas (quando a depressão era preenchida por águas marítimas fechadas), de gás natural e folhelhos pirobetuminosos. Nisto reside a sua importância econômica. Estudaremos, a seguir, o processo de formação geológica do carvão e do petróleo, combustíveis fósseis representantes das matrizes energéticas da I e II Revolução Industrial.
À Processo de formação geológica do carvão - Desde a Era Paleozóica, no período Carbonífero, restos de vegetais lenhosos, semidecompostos pelo clima frio e seco, junto com sedimentos, provenientes da ação de geleiras, foram se acumulando no fundo de lagos, com pouca oxigenação.
Esta acumulação, ao longo dos milhares dos anos, de sucessivas camadas geológicas de rochas sedimentares exercendo uma enorme pressão sobre aqueles restos orgânicos vegetais semidecompostos no fundo daquela depressão relativa (onde estava o lago), transformou-os em carvão mineral, determinando o seu poder calorífico, conforme a sua antigüidade geológica e seu respectivo teor de carbono ( quanto mais profunda a camada, maior o poder calorífico do carvão).
Deste modo, a depressão relativa onde havia o lago cercado por geleiras, tornou-se uma bacia sedimentar, em cujas camadas mais profundas pode se encontra o carvão mais raro, antigo e de maior alto teor de carbono e poder calorífico ( o antracito). A sucessão do mais antigo e puro, para o mais recente e impuro é: antracito (cerca de 95% de carbono) à hulha (de 75 a 90%) à linhito (de 65 a 75%) à turfa (no máximo com 50% de carbono).
Apenas o antracito e a hulha são úteis à siderurgia, como fontes energéticas na transformação da hematita (minério de ferro) em aço e ferro-gusa em altos fornos; ambos são levados à uma seção da usina siderúrgica denominada de coqueria, a fim de serem purificados mais ainda, formando o coque metalúrgico. O linhito é usado em geração de termoeletricidade, em cujas usinas aquece a água em caldeiras, a mesma entra em ebulição, daí o vapor d’água sob pressão vai acionar turbinas e estas movimentam os circuitos internos de geradores de energia.
As utilidades do carvão mineral são: combustível em usinas termelétricas e locomotivas a vapor; coque metalúrgico; fabricação de gás; calefação doméstica em países de climas frios e temperados (utilizando linhito ou turfa); a indústria carboquímica (de bens intermediários ou de insumos para a indústria de fertilizantes, corantes, tinta). Atualmente é menos usado que o petróleo, porque libera menos calor e é mais poluente que ele.
A maioria das jazidas carboníferas atuais situam-se em torno dos 45o de latitude norte ( onde surgiram grandes florestas no Paleozóico): os Montes Apalaches (a NE dos EUA, antigo limite ocidental das Treze Colônias Inglesas), os Urais (divisor histórico entre a Rússia européia industrializada e a asiática)- ambos correspondendo a ¾ da produção mundial; o vale do rio Ruhr (afluente da margem direita do rio Reno), na Alemanha; a Alsácia-Lorena (na fronteira da França com a Alemanha, esta a ocupou militarmente desde a Guerra Franco-Prussiana até a I Guerra Mundial); a Manchúria (jazidas de Fu-Shun, na China, ocupadas pelos japoneses antes da I Guerra Mundial). Não é simples coincidência estas áreas terem concentrado muitas indústrias até a Revolução tecnocientífica. Os maiores produtores mundiais são: China, EUA e Rússia.
Á Processo de formação geológica do petróleo
Desde a Era Paleozóica, em mares interiores, golfos ou baías fechados, o plâncton (seres minúsculos marinhos, sob as formas de fitoplâncton e zooplâncton), ao morrer, foi sendo depositado no fundo das águas marinhas, junto com sedimentos. Aí nas profundidades, sem a presença de oxigênio e sob a ação de bactérias anaeróbicas, a matéria orgânica decomposta junto com os sedimentos, formou o sapropel (termo que vem do grego e significa "lama podre"). Na medida em que se acumularam sucessivas camadas sedimentares, sobrepondo-se umas às outras, pressionando aquele sapropel, formou-se o petróleo disperso em vários locais das bacias sedimentares (aquelas depressões relativas onde estavam os mares interiores).
Para que o petróleo disperso se acumule em jazidas petrolíferas é preciso que haja movimentos tectônicos provenientes de dobramentos modernos próximos às bacias sedimentares, que provoquem a sua movimentação entre as rochas sedimentares (como o calcário) até encontrar uma camada de rochas impermeáveis (como as magmáticas e metamórficas), que barrem esta sua migração. Nesta área acumula-se o petróleo, originando uma jazida.
As maiores jazidas mundiais de petróleo localizam-se entre os escudos cristalinos pré-cambrianos e os dobramentos modernos do final do Mesozóico. Nesta seqüência, podemos observar: o Oriente Médio (produtor de 35% do petróleo consumido no mundo) fica entre os terrenos antigos da África (de que fez parte em eras passadas) e os recentes do Cáucaso; na Venezuela, as jazidas estão na Bacia do Orinoco, entre o Escudo Guiano e os Andes; no Canadá entre o Escudo Canadense e as Montanhas Rochosas. Também é encontrado nos anticlinais (áreas mais baixas e côncavas) dos dobramentos modernos, como no Alasca e no Equador. As áreas de maior produção mundial são: os países do Oriente Médio, a Rússia (ao N dos mares Negro e S do Cáspio e na Planície Siberiana ) e os EUA (Texas, Oklahoma e o Alasca).
A importância do petróleo atualmente, reside no fato de que corresponde a 40% do consumo energético mundial; libera mais calor que o carvão (1 barril ou 159 litros de petróleo = 1 tonelada de carvão); é menos poluente e mais fácil o seu transporte que o carvão. Ele é chamado de "ouro negro", já que. além dos seus subprodutos diretamente saídos das refinarias (gasolina, gás, óleos, asfalto), há indiretamente 300 produtos originários da indústria petroquímica (que é uma indústria de bens intermediários), que fornecem insumos para a indústria química e destas para as indústrias de bens de consumo (como batom, chicletes, plásticos, polímeros sintéticos, PET, etc.).
E) As placas tectônicas da crosta terrestre
A crosta terrestre é formada de placas tectônicas, que compreendem os continentes, as plataformas continentais e os assoalhos oceânicos (no fundo dos oceanos, onde a crosta é mais fina),que se movem sobre a astenosfera (tais movimentos anulam-se uns com os outros e não têm efeitos sobre a crosta como um todo, pois enquanto há uma retração no Pacífico acontece uma expansão no Atlântico).
a] Teorias sobre a formação das placas tectônicas: Deriva Continental e Tectônica das Placas.
A Deriva Continental foi idealizada por Wegener, em 1910, baseando-se nos contornos de litorais (ex.: NE do Brasil com o Oeste da África), em semelhanças de estrutura geológica e de fósseis. É também denominada de Teoria da Translação dos Continentes, segundo a qual as terras emersas derivam, ou seja, deslocam-se sobre a astenosfera. Originalmente havia um só continente - a Pangéia, e um oceano - o Pantalassa; dos quais originaram-se as atuais terras emersas e águas marítimas. Mesmo com aquelas evidências geológicas e de morfológicas litorâneas, Wegener não conseguiu receptividade nos meios científicos, pois não haviam técnicas que pudesse comprovar sua teoria (seu argumento de que tal deriva era causada pela atração do Sol e da Lua em sentido contrário ao da rotação da Terra, não provava nada). Veja a figura ao lado demonstrativa do surgimento dos atuais oceanos, mares e continentes (as linhas pontilhadas revelam as fissuras por onde aflora o magma.
A teoria da Tectônica das Placas foi criada pelos cientistas norte-americanos Harry Hess e Maurice Erwing, em l967, com base no estudo do fundo do mar através de sonar, na Dorsal Atlântica, que se formou não por enrugamento do relevo submarino, mas por expansão do assoalho oceânico. Aí as rochas são muito recentes, devido à agregação do magma na crosta, na medida em que as Placas Sul-Americana e a Africana se distanciam uma da outra.  Esta teoria comprovou cientificamente a primeira e demonstrou que estas placas rígidas da crosta se movem entre si e o manto; em suas bordas há erupções vulcânicas, abalos sísmicos e movimentos orogenéticos (formadores de montanhas).
b] Movimentos das placas tectônicas: podem ser convergentes, divergentes e tangenciais.
Os movimentos convergentes ocorrem quando duas placas deslocam-se no mesmo sentido,  resultando na colisão lenta de uma com a outra. Nessa área de encontro das placas pode haver uma subducção ou uma obducção. Subducção é quando uma placa oceânica (mais densa) vai ficando sob uma placa continental (menos densa, vai submergindo na astenosfera e se fundindo no manto, formando uma zona de subducção. Nesta zona, os materiais da crosta vão aos poucos transformando-se em materiais do manto, originando uma corrente de convecção descendente do magma . Resultantes desta convergência de placas (ex.: a Sul-americana com a de Nazca - sob o Oceano Pacífico; entre a Indo-Australiana e a da Eurásia) são as erupções vulcânicas, abalos sísmicos, formação de montanhas, fossas submarinas e a  redução do Oceano Pacífico (enquanto o assoalho do Oceano Atlântico está se expandindo).
Quando esse encontro é feito entre placas continentais mais espessas acontece a obducção - o exemplo se vê nos mapas acima, quando no período Cretáceo, há cerca de 65 milhões de anos, as placas Indo-Australiana e a Eurasiática Oriental se colidiram, resultando na formação do Himalaia.
Nos Alpes Suíços (formados quando a Placa Africana entrou embaixo da Europa) encontraram um pedaço de rocha da crosta, que penetrou cerca de 500 km e depois de 10 milhões de anos voltou à crosta.
Cientistas norte-americanos chegaram à conclusão de que o material em subducção transforma-se em bolhas que, por correntes convectivas descendentes, chegam em baixo do manto inferior e depois de milhões de anos sobem, por correntes ascendentes, como bolhas de lavas, formando arquipélagos ou vulcões. Estes deslocamentos convergentes podem resultar numa colisão das placas, unindo dois continentes e formando uma cadeia montanhosa recente (nesta área de colisão) ou quando uma placa mergulha sob a outra, esta parte que afunda no manto, se funde, se recicla e sobe de novo formando arcos de ilhas na superfície da crosta. Descobriu-se, recentemente, que o fundo do solo do Pacífico está em subducção de cerca de 10 cm/ano sob a placa da América do Sul e que as câmaras magmáticas iniciam-se a 100 km de profundidade.
Os movimentos divergentes se delineiam quando uma placa apresenta um movimento em direção contrária ao da outra, ocorrendo uma separação lenta entre elas, como está acontecendo entre as Placas Sul-americana e a Africana, desde há l25 milhões de anos (=Período Cretáceo da Era Mesozóica), inicialmente com uma velocidade de 6 cm/ano, hoje de 2 cm/ano.
Enquanto iam separando-se, o magma, através de correntes convectivas ascendentes, foi organizando uma zona de agregação (pois agrega material magmático a cada uma das placas), constituindo o assoalho oceânico- expandindo o Oceano Atlântico - e a Dorsal Atlântica - maior cordilheira submarina da Terra com 7.300 km de comprimento, desde a região ártica à antártica. Esses deslocamentos divergentes são típicos de placas oceânicas (menos espessas que as continentais).
Os movimentos tangenciais ocorrem quando duas placas deslizam em sentido contrário, sem criar ou destruir matéria" como está acontecendo entre as Placas do Pacífico e a da América do Norte, fazendo com que na costa da Califórnia surja a Falha de San Andreas e a Península da Baixa Califórnia. No futuro, o litoral da Califórnia irá desprender-se do continente a partir daquela falha, transformando-se numa ilha. Da fricção destas placas surgem terremotos - os sismólogos dizem que na Califórnia haverá o "Big One", maior que os já ocorridos em S. Francisco e Los Angeles.
As causas destes deslocamentos das placas são as correntes de convecção ascendentes e descendentes do magma, que, por sua vez, decorrem das diferenças térmicas entre as camadas internas da Terra. Outro motivo: o núcleo externo perde calor para o manto inferior, ao mesmo tempo que a radioatividade de substâncias do manto vai produzindo calor.
As principais placas da crosta terrestre são: a Eurasiática Ocidental; a Eurasiática Oriental, a Africana, a Sul-americana, a Norte-americana, a Indo-australiana, a do Pacífico;a da Antártida as secundárias, menores que aquelas são: a do Caribe(no Oc. Atlântico), a de Nazca, a de Cocos (oeste da América Central e pequena parte do Pacífico) , a Juan de Fuca ,a das Filipinas (no Pacífico) a Arábica (no Índico).
F) Agentes internos (endógenos ou formadores) do relevo: representados pelo tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos
Esses agentes internos, formadores do relevo terrestre, são condicionados pelas correntes de convecção do material magmático do manto exercendo pressão na crosta terrestre; pelo resfriamento e conseqüente contração da litosfera; e pelos deslocamentos das placas litosféricas.
a) Tectonismo (ou diastrofismo - da palavra grega diastroféin= distorção) - assim se chamam os movimentos internos da crosta que provocam distorções ou deformações nas placas litosféricas. São de duas modalidades: orogênese e epirogênese.
orogênese é representada por esforços internos horizontais da Terra, de curta duração geológica mas de grande intensidade, gerando dobramentos (quando exercidos sobre terrenos incompetentes ou plásticos) e fraturas e falhas (quando sobre camadas de rochas rígidas que oferecem resistência às pressões tectônicas). A orogênese ocorre nas áreas de instabilidade tectônica da Terra. As maiores dobras da superfície terrestre são os dobramentos modernos, em cujos sinclinais (partes côncavas das montanhas) pode haver formação de petróleo.
De modo geral os dobramentos ocorreram nas bordas de bacias sedimentares ou de placas tectônicas. Sabemos que houve 4 períodos de orogênese: o Huroniano (fim do Pré-Cambriano - origem dos escudos cristalinos), o Caledoniano (começo do Paleozóico), Herciniano (fim do Paleozóico) e o Alpino (fim do Mesozóico e começo do Cenozóico - originando os dobramentos modernos).
O fenômeno tectônico mais impressionante do mundo é o Rift Valley Oriental ou Grande Vale da África Oriental, com uma fossa tectônica enorme de 6.400 km, desde o Líbano (no Oriente Médio) até Moçambique. Esta enorme fissura na crosta terrestre resultou de movimentos tectônicos na Era Mesozóica (a Era dos Répteis), que criaram uma linha de falhas e soergueram o relevo (como o Planalto dos Grandes Lagos, no Quênia), emergiram grandes quantidades de magma (como no Maciço da Etiópia); formaram lagos de forma alongada (como o Turkana, o Niassa, o Tanganica, Rodolfo) e o Mar Vermelho (na cratera que se formou da separação entre a Península Arábica e o continente).Na mesma época a Ilha de Madagascar separou-se do continente e a África começou a se separar da América do Sul, formando o Oceano Atlântico.
No Planalto dos Grandes Lagos estão os pontos mais altos do relevo africano, como o Kilimanjaro (5.895 m de altitude), o Quênia (5.201 m) e o Ruwenzori (5.119 m- nos Montes Mitumba).
Em alguns lugares do Rift Valley o solo é coberto de cinzas vulcânicas constituídas de soda cáustica (carbonato de cálcio), que foram transportadas pelas águas pluviais até lagos, tornando-os tão alcalinos a ponto de facilitarem a proliferação de algas verdes-azuis, alimentos prediletos de belos flamingos rosas e de milhares de pássaros de espécies diferentes.
Ainda no Rift Valley, na década de 60, um vulcão despejou lavas alcalinas cobrindo suas encostas de soda cáustica. Este vulcão é denominado de "Montanha de Deus" pela tribo dos Masai. Aí também ocorre a Depressão de Danakil, a 120 metros abaixo do nível do mar, na Etiópia, em cujo fundo as superfícies rochosas estão a 160o C. Nesta depressão há lagos de sal e fontes termais.
A epirogênese (épeiron= continente em grego) é representada por movimentos diastróficos verticais, de longa duração afetando grandes partes de áreas continentais, provocando o rebaixamento ou levantamento dos litorais e assim as transgressões (invasões do mar como no Mar do Norte) e regressões marinhas (recuos do mar como na Península Escandinava, que está subindo),respectivamente, além do rejuvenescimento do relevo (os rios aumentam a erosão do seu leito e das margens devido ao soerguimento de parte do continente). A epirogênese acontece em áreas estáveis da crosta terrestre.
b.      Vulcanismo - representa a ascensão de magma através de fissuras ou fendas da crosta. Este magma vem de câmaras magmáticas (verdadeiros bolsões de acúmulo de material magmático na crosta terrestre) , nas quais acontece o aumento de pressão necessária a esta subida do magma através das fendas da litosfera.
As erupções vulcânicas ( de lava, pedras, cinzas, gases) se ligam aos movimentos tectônicos e são antecedidos por terremotos. ¾ dos vulcões ativos da Terra estão situados no Círculo de Fogo do Pacífico, l2% na Dorsal Atlântica; muitas ilhas oceânicas são o produto de atividades vulcânicas (ou por bolhas de lavas que subiram por correntes ascendentes para a crosta).
No final do Cretáceo (Mesozóico) deu-se um supervulcanismo no Planalto do Decã (Índia), em que houve um derramamento de lava, de cerca de 1 milhão de m3, sobre a superfície terrestre (talvez uma das causas da destruição dos dinossauros).
  1. Abalos sísmicos - resultam de movimentos tectônicos entre blocos de rochas de 50 a 900 km de profundidade no interior da Terra. Há 3 circunstâncias principais que condicionam a formação dos terremotos: o vulcanismo, as acomodações geológicas de camadas internas da crosta e a tectônica das placas.
Antecedendo, e mesmo servindo de previsão de erupções vulcânicas, há terremotos de baixa  intensidade, visto que o material magmático está pressionando os blocos de rochas das camadas geológicas da crosta. Pode haver também terremotos por desmoronamentos e conseqüentes acomodações de camadas geológicas, geralmente em bacias sedimentares- estes abalos sísmicos são de baixa intensidade.
Os terremotos de maior magnitude (=quantidade de energia liberada pelo foco ou hipocentro do terremoto) acontecem nas bordas das placas tectônicas, onde se acumulam tensões (provocadas justamente pelos deslocamentos das placas) até um determinado limite, a partir do qual se liberam vibrações ou ondas sísmicas, que se propagam até a superfície da crosta terrestre, em um ponto chamado de epicentro (onde estas ondas propagam-se como quando se joga uma pedra na água).
Do hipocentro (ponto de acumulações das tensões entre as placas) liberam-se ondas longitudinais (que se propagam em meios sólidos e líquidos, daí atravessando todo o interior da Terra) e transversais (mais lentas que aquelas e que se propagam apenas em meios sólidos, chegando, assim, até o núcleo externo e depois retornando à crosta). Daí a importância da Sismologia no estudo das camadas internas da Terra.
As ilhas de Izu, no arquipélago do Japão, foram sacudidas por 70.000 abalos sísmicos nos últimos tempos. O Japão situa-se nas bordas das placas do Pacífico e do Mar das Filipinas, que estão em subducção nas placas Eurasiana, de um lado, e na placa Norte-Americana, de outro.
A magnitude ou intensidade dos terremotos vai de 1 a 10o na Escala Richter, medindo a sua liberação de energia. A maioria dos terremotos ocorre no Círculo de Fogo do Pacífico (42,5% dos 350 anuais). Os abalos sísmicos mais famosos do século XX foram os de S.Francisco, Los Angeles, Tóquio, Manágua, Agadir (Marrocos).
G) Formas de relevo: montanhas, planaltos, planícies(formas positivas) e depressões(negativas).
As montanhas constituem grandes elevações do relevo terrestre formadas por falhas tectônicas, dobras ou atividades vulcânicas. As maiores correspondem aos dobramentos modernos, com formas pontiagudas. Sua formação está ligada aos movimentos orogenéticos explicados acima.
Os planaltos, sob o ponto de vista geomorfológico, são superfícies tabulares (em forma de mesa) mais ou menos elevadas em que os processos de erosão ou degradação superam os de acumulação e que têm escarpas ou declives em suas bordas . Podem ser de origem sedimentar ou produto de soerguimento de material magmático (depois rebaixado pela erosão como os Planaltos Guiano e Brasileiro na América do Sul; o Canadense, o Siberiano, etc.) e são representados geologicamente pelos escudos cristalinos ou maciços antigos.
As planícies são superfícies mais ou menos planas em que os processos de sedimentação ou agradação superam os de erosão e cujas bordas são aclives. Há planícies altas como as intermontanhas. Podem ser de 2 tipos:  costeiras (ou baixadas - resultantes de acumulação de sedimentos flúvio-marinhos) e ‚ continentais (cujos sedimentos provém de montanhas ou planaltos). Correspondem, geralmente, às bacias sedimentares.
Quando falamos simplesmente à palavra depressão, estamos nos referindo à depressão absoluta, isto é, a uma forma negativa de relevo, isto é, abaixo do nível do mar no interior dos continentes. Elas representam as formas de relevo menos comuns na superfície terrestre: na América toda só existe uma- a do Vale da Morte (-84 m), no sudoeste dos EUA; na África - as de Qattara (no Egito) e de Danakil (-120m) na Etiópia; na Ásia -a do Mar Morto (a mais profunda, com cerca de -330m, no Oriente Médio) e Tarin (oeste da China); na Europa- a Caspiana).
As depressões relativas são formas positivas de relevo (assim como as montanhas, planaltos e planícies) e se denominam assim em referência às áreas adjacentes,que são mais altas. Às áreas de contato entre terrenos cristalinos pré-cambrianos e sedimentares chamam-se depressões periféricas, como, por exemplo., a que se situa entre o Planalto Arenito-Basáltico e o Planalto Cristalino, no Planalto Meridional do sudeste e sul do Brasil.
2.1.3.- Dinâmica Externa do Relevo (ação de agentes externos ou do modelado terrestre como o intemperismo, as chuvas, as águas dos mares e rios, as geleiras, os ventos)
As ações do modelado terrestre executadas por estes agentes externos são três: o de erosão  (destruição), o de transporte e o de acumulação( ou de sedimentação).
A) O intemperismo representa a ação do calor do Sol ou das águas das chuvas provocando a desagregação mecânica ou decomposição química, respectivamente, das rochas e fazendo surgir os solos (ou manto de intemperismo).
Apresenta-se sob duas modalidades: o intemperismo físico e o químico; o primeiro se faz sentir pela ação do calor do Sol, especialmente em climas em que há grandes amplitudes térmicas diárias, como nos desertos. O segundo, o intemperismo químico, em áreas chuvosas, como nas baixas latitudes em climas equatoriais e tropicais. De modo geral, o primeiro antecede o segundo.
B) A ação das águas das chuvas, além do intemperismo químico, provoca a lixiviação, ou seja, a erosão dos solos devido à queda dos pingos de chuvas no chão, lavando-o e carregando seus nutrientes e sedimentos. A lixiviação dos solos é intensa em climas chuvosos, como também nas encostas de montanhas, especialmente naquelas cuja cobertura vegetal foi destruída por ação antrópica (urbanização, industrialização, agricultura, pecuária).
C) A ação dos seres vivos, notadamente o homem, com sua tecnologia, exercendo uma ação antrópica sobre a natureza e, de modo geral, causando desequilíbrios ambientais no solo, na vegetação, nos climas.
D) A ação das águas dos rios, principais agentes erosivos, pois cavam os seus leitos e modelam as vertentes (margens), ficando os sedimentos em suspensão em suas águas e transportando-os até o mar ou depositando-os em suas margens ou nas planícies (trabalho de  sedimentação).
As bacias fluviais ou hidrográficas (áreas drenadas pelo rio principal e seus afluentes) apresentam três partes: a mais alta é o curso superior ou alto vale (em que ocorre muita erosão); o médio curso; e o curso inferior(neste encontra-se a foz e ocorre muita sedimentação e a formação de planícies aluvionais).
Quanto mais velho for o rio, mais ele cavou o leito e, assim, diminui a sua força erosiva, pois torna-se menor a diferença de altura entre as nascentes e a foz. A esta diferença de altura entre a nascente e a foz denominamos perfil longitudinal do rio. Veja a ilustração em baixo da página anterior..
E) A ação das águas dos mares se manifesta pela erosão ou abrasão marinha, pelo transporte e sedimentação no litoral. Um litoral é tanto mais novo quanto mais reentrâncias (entradas de mar, como golfos, baías) e protuberâncias (saliências, como cabos) ele tiver. Na medida que vai passando o tempo, as correntes marítimas e as ondas vão erodindo as protuberâncias, depois transportam e acumulam sedimentos nas reentrâncias, fechando-as e tornando o litoral cada vez mais linear.
A abrasão marinha varia em função de transgressões e regressões marinhas, da natureza das rochas existentes no litoral (as magmáticas e metamórficas são mais resistentes à abrasão). Se o litoral for alto (como nas falésias- formado de rochas cristalinas, ou nas barreiras- formadas de rochas sedimentares) vai ocorrer mais abrasão marinha; se o litoral for baixo, ocorre acumulação (como nas praias, restingas, tômbolos, recifes, dunas), embora os trabalhos de erosão-transporte-sedimentação sejam feitos simultaneamente.
O litoral do Estado do RJ é um bom exemplo da ação das águas do mar: antes era cheio de reentrâncias (restando apenas as Baías da Guanabara, Sepetiba e Ilha Grande), mas as correntes marítimas trazem sedimentos oriundos do Norte Fluminense (onde deságua o rio Paraíba do Sul, lançando ali os seus sedimentos também), e os jogam naquelas antigas entradas de mar formando restingas e lagoas costeiras. Conjugam-se, pois, duas ações do modelado terrestre no litoral: do rio Paraíba do Sul (que joga sedimentos em sua for no mar) e das correntes marítimas do Oceano Atlântico (transportando e sedimentando as reentrâncias).
F) Os trabalhos de modelado das geleiras são restritos, atualmente, aos cumes dos dobramentos modernos e às zonas glaciais. Durante as glaciações quaternárias, quando a calota polar chegava até o centro da América do Norte, bem como ao norte da Eurásia e a sudoeste da América do Sul, a erosão glacial foi mais intensa originando lagos (ex.: Grandes Lagos norte-americanos e os lagos finlandeses) e litorais extremamente recortados (como os fiordes encontrados na Península Escandinava e da Jutlândia, na Europa; no litoral chileno e na Nova Zelândia).
A erosão glacial realiza-se de duas maneiras: por compressão (quando a água infiltra-se em fendas de rochas e depois se congela, quebra a rocha, visto que a água sob a forma sólida tem maior volume que em estado líquido) e por desgaste mecânico (a parte de baixo das geleiras é menos fria e, assim, o gelo é mais pastoso que em cima, daí o glaciar desloca-se sobre os solos e as rochas, destruindo-os, transportando sedimentos e depositando-os quando estaciona o glaciar). Ao trabalho de deposição ou acumulação glacial dá-se o nome de morenas ou morainas. As bacias de alimentação das geleiras nas montanhas são chamadas de circos glaciais.
O deslocamento do ar, ou seja, o vento, exerce também uma ação de modelado terrestre. A erosão eólica (dos ventos) é feita em seqüência, deste modo: primeiro, o vento coleta partículas ao longo do seu deslocamento sobre os solos ( é a deflação); depois, lança essas partículas contra as rochas ou obstáculos que se opõem ao seu deslocamento (é a corrasão). A acumulação eólica é manifestada nas dunas (nos desertos) e nos solos de löess (especialmente no da China, muito férteis por conterem partículas de argila, quartzo e cálcio).


2.2.- Domínios Morfoclimáticos ou Fitogeográficos da Terra
Os fatores naturais, como o relevo, a hidrografia, o clima, a vegetação, a fauna e os solos não existem de forma isolada sobre a superfície terrestre, mas de maneira interdependente e interativa, daí resultando os domínios morfoclimáticos ou fitogeográficos (ou ainda biomas) da Terra.
Os domínios morfoclimáticos da Zona Intertropical são as florestas de baixas latitudes (equatoriais e tropicais), as savanas, os desertos e semidesertos; nas Zonas Temperadas são as florestas de médias latitudes(ou temperadas), os campos temperados, as florestas de altas latitudes (ou de coníferas); nas Zonas Glaciais é a tundra. Vamos estudá-los, observando atentamente as relações entre clima, vegetação e solos de cada um deles.
A] Domínios Morfoclimáticos da Zona Intertropical:
As florestas de baixas latitudes correspondem ao domínio dos climas equatorial e tropical úmido com altas temperaturas e muitas chuvas e amplitude térmica baixa durante o ano, o que propicia a formação das matas mais biodiversificadas do planeta (devido ao calor e umidade).Os seus solos são muito lixiviados e laterizados (pela ascensão de óxidos de ferro e alumínio, que lhes conferem uma acidez acentuada). A decomposição das folhas mortas no chão servem para automanutenção das florestas. A biodiversidade gera uma densidade enorme da cobertura vegetal que dificulta a ocupação humana, mas incentiva o extrativismo vegetal (uma das razões de sua devastação na Malásia, no Congo e atualmente na Amazônia).
As savanas, chamadas de cerrados no Brasil, são formações vegetais de árvores dispersas (como o baobá na África), arbustos e gramíneas. Relacionam-se ao clima tropical com chuvas de verão e com o inverno mais seco. Em face disso, a vegetação arbustiva apresenta características xeromórficas, isto é, folhas cerosas, raízes longas, casca grossa e galhos retorcidos para se adaptar ao inverno seco. Os solos ácidos podem ser corrigidos com a introdução de calcário (técnica da calagem), representando uma nova fronteira agrícola do Brasil, para a produção de soja. Estes solos são ácidos devido à presença de óxidos, especialmente de ferro e alumínio, que lhes conferem uma cor avermelhada (é o processo da laterização).
A maioria dos desertos e semidesertos se localiza nas áreas subtropicais (junto aos Trópicos de Câncer e de Capricórnio), como o do Saara e Kalahari (África), Chihuahua e Sonora (sudoeste da América do Norte), Australiano. Há, ainda, desertos litorâneos devido à presença de correntes marítimas frias, como o de Namíbia (sudoeste da África). Nas encostas de sotavento de altas montanhas (do lado
contrário a ventos úmidos) também ocorrem desertos, como o de Atacama (norte do Chile). Vide mapa.
Os climas áridos e semi-áridos caracterizam-se por altas amplitudes térmicas diárias (com muito intemperismo físico) e chuvas escassas e irregulares, daí a vegetação ser xerófita, isto é, guarda água nos seus vacúolos celulares e são espinhentas, a fim de não perdê-la através da evapotranspiração; ou sistema radicular desenvolvido. Os solos dos desertos são esqueléticos, isto é, finos (devido ao intemperismo físico causado pelas elevadas amplitudes térmicas diárias); são alcalinos ou salinos (pois a evaporação é maior que a precipitação). As estepes (vegetação herbácea descontínua nos solos) são típicas de clima semi-árido que envolvem os desertos (como, por exemplo, as estepes do Sahel que envolvem o Sul do deserto do Sahara).
B] Na Zona Temperada do Norte :
As florestas temperadas ou de folhas caducas (porque caem no inverno para reduzir o metabolismo) ou de médias latitudes correspondem ao clima temperado oceânico, com chuvas bem distribuídas durante o ano. Elas são homogêneas (com poucas espécies vegetais, como o bordo- símbolo nacional do Canadá- da Floresta Laurenciana, os carvalhos das Florestas Apalacheana - dos Estados Unidos e a Floresta Negra- na Alemanha). Por se situarem nas áreas mais industrializadas e urbanizadas da Terra, são as mais devastadas do planeta.
Os campos temperados são formações vegetais herbáceas, constituídas de gramíneas como as estepes da Ucrânia, as pradarias norte-americanas, os pampas gaúchos. Relacionam-se com o clima temperado continental, com invernos secos e rigorosos e amplitude térmica diária e anual grande. Os solos são muito férteis em face da decomposição das gramíneas mortas no inverno, e não havendo quase lixiviação no verão, formam matéria orgânica depositada. Aí estão o tchernozion (solo negro) da Ucrânia e os cinturões agrícolas norte-americanos de grande produtividade agrícola.
As florestas de coníferas ou de altas latitudes são representadas pelas Florestas Canadense, Boreal (norte da Europa) e a Taiga Siberiana. Relacionam-se ao clima frio, com baixa insolação e solos gelados. São as florestas mais homogêneas da Terra, praticamente só de pinheiros. Prestam-se à indústria extrativa vegetal (Canadá, Suécia, Noruega, Finlândia são grandes produtores de celulose e papel). Seus solos são podzólicos, isto é, ácidos e pálidos, com turfa no horizonte A (parte externa dos mesmos) e pobres, dificultando a agricultura.
C]Nas Zonas Glaciais (especialmente na Ártica) localiza-se a tundra - no extremo norte da América do Norte e da Eurásia, em virtude dos solos gelados durante 8 meses, devido ao clima subpolar. Aí sobrevivem apenas vegetações herbáceas, musgos e liquens de ciclo vegetativo curto.
D]Nos dobramentos modernos ocorre uma vegetação orófila ou de montanhas (orófila). O clima de montanha é típico: a temperatura diminui conforme aumenta a altitude, enquanto a umidade aumenta até certo ponto, mas depois começa a diminuir até o cume da montanha. Sendo assim, nas encostas baixas destes dobramentos há florestas (de baixas, médias ou altas latitudes), enquanto nas encostas altas floresce a vegetação orófila adaptada à pouca umidade do ar (ex. Campos alpinos, punas de Atacama). A altitude, de certa forma, repete as formações vegetais da latitude onde situam estes dobramentos modernos, em face dessas condições diversas de temperatura e umidade na subida de suas encostas. Veja figura ao lado.
Iremos estudar doravante os condicionamentos planetários dessa diversidade de paisagens que ocorre na Terra, representados pelos seus movimentos e pelos seus climas.
2.2.1.- Principais Movimentos da Terra: rotação e revolução.
A) Rotação - é o movimento da Terra em torno do seu eixo imaginário (inclinado no espaço sideral em 23o 27' 30"), executado em 23h e 56' (dia sideral, ou 24 h). Deste movimento resultam os dias e as noites, cuja duração varia de acordo com as latitudes (quanto maior for,  maior será a diferença entre ambos) e as estações do ano (no verão, os dias são mais compridos que as noites; vice-versa, no inverno).
Como a Terra é uma superfície quase esférica, portanto com 360o, esta rotação vai provocar horas diferentes de passagem do Sol pela sua superfície. Assim, 360o : 24 h=15o, que representa um fuso horário (espaço delimitado por 2 meridianos, em que a Terra move-se em l hora). Como a rotação efetua-se no sentido oesteà leste, enquanto o movimento aparente do Sol é lesteà oeste, o hemisfério L (a partir do Meridiano de Greenwich) estará sempre mais adiantado que o hemisfério O (ex.: o Rio, a 45o de longitude W de Greenwich, está a 3 fusos horários menos que Londres, pois 45:l5=3).
No extremo oposto ao Meridiano de Greenwich (0de longitude), no Oceano Pacífico, estabeleceu-se a Linha Internacional da Data (ou Antimeridiano de Greenwich, a l80o ); quando se ultrapassa este meridiano no sentido Oà L (ex.: Rioà Tóquio) ganha-se um dia (ex: de 6 p/ 7) e vice-versa. Já estudamos que isto é importante na globalização dos fluxos de investimentos nas Bolsas de Valores do Extremo Oriente (Tóquio, Hong Kong, Cingapura) e nas Ocidentais (ex.: Londres e Nova Iorque) - enquanto nestas abrem-se os pregões, naquelas houve o fechamento, criando oportunidades de negócios ao se saber as cotações de títulos e derivativos e estimulando o capital especulativo.
B) Revolução - é o movimento da Terra em torno do Sol, descrevendo uma órbita (ou eclíptica) em 365 dias, 5 h e 48' (ano sideral, daí a necessidade de se acrescentar um dia a mais de 4 em 4 anos). Deste movimento resultam as 4 estações do ano: os solstícios (=verão e inverno) e os equinócios (=primavera e outono), que são opostas nos hemisférios N e S, em  face da obliqüidade do eixo da Terra em 23o 27' 30" no espaço sideral.
a) Solstícios- são os dois pontos máximos de declinação do Sol em seu caminho aparente sobre a Terra, até 23º de latitude N e S do Equador (=mesma inclinação do eixo terrestre, pois se não fosse inclinado o plano da eclíptica ou da órbita da Terra coincidiria com o plano diametral do Equador durante o ano todo).
Quando o Sol está perpendicular ao Trópico de Câncer (23º N do Equador), no dia 21/6, é verão no hemisfério N, pois está mais iluminado e aquecido pelo Sol (90º N ou Pólo N + 23º= 113º; este pólo tem o maior dia do ano, em que o Sol se põe às 23 h e 45' e amanhece às 24 h), enquanto é inverno no hemisfério S, sendo menos iluminado e aquecido pelo Sol (90º S, ou Pólo S - 23º= 67º, observe que o círculo imaginário de iluminação da Terra pelo Sol é sempre l80º).
No dia 21/12, o Sol está perpendicular ao Trópico de Capricórnio (23o S do Equador), daí ser verão em nosso hemisfério e inverno no hemisfério N (113º iluminados no hemisfério S, enquanto só 67º no hemisfério N).
Estes solstícios, bem como os equinócios, só ocorrem naqueles dias determinados, pois devemos nos recordar que a Terra está girando em torno do Sol , que aparenta um caminho na Terra, na seguinte seqüência: 21/12 no Trópico de Capricórnio à 21/3 no Equador à 21/6 no Trópico de Câncer à 23/9 no Equador novamente e assim por diante.
b) Equinócios - assim chamados porque na primavera (23/9 para nós) e no outono (21/3) o Sol está perpendicular ao Equador, iluminando igualmente os dois hemisférios (90ºN + 90ºS, portanto até os dois pólos), determinando uma duração do período diurno igual ao noturno (equi=iguais, noctii=noites).
O Equador é a área mais quente do planeta, devido ao fato do Sol ficar perpendicular a ele nestes dois dias do ano. No dia 22/3 o Sol acabou de sair do hemisfério Sul, entrando no hemisfério Norte, onde é primavera antecedendo o verão, enquanto ao S é outono antecedendo o inverno. No dia 24/9, acontece o inverso: primavera no hemisfério Sul e outono no Norte.
Podemos concluir, pois, que, conforme as estações do ano, a Terra estará aquecida de modo distinto, em virtude também da inclinação do eixo terrestre. Esta quantidade de radiação do calor do Sol sobre a superfície terrestre (=insolação) de modo diferente nos hemisférios N e S, é importante para compreendermos as distintas épocas de plantio e colheitas agrícolas, em face do ciclo vital das plantas (que precisam da energia primária do Sol para transformá-la em energia bioquímica através da fotossíntese), da sua sazonalidade (certas plantas florescem e frutificam apenas em determinadas estações). Até mesmo certas migrações sazonais (populações que se movimentam de uma área para outra, conforme as estações do ano, para trabalhar) e turísticas (no verão europeu, as praias do Mediterrâneo atraem milhões de europeus do norte mais frio, bem como gente de outros lugares).
2.2.2.- Climas - representam uma sucessão habitual dos tipos de tempo. Este é a condição momentânea da atmosfera. Seus elementos estruturais são a temperatura, a pressão e a umidade atmosférica. Os fatores que influem localmente são a altitude, a latitude, a proximidade ou não do mar, as correntes marítimas
A) Temperatura - é a quantidade de calor na atmosfera. A energia primária do Sol aquece a superfície da Terra (a hidrosfera e a litosfera) e esta irradia calor para o ar; portanto, a temperatura do ar é um calor indireto, já que é irradiado da superfície (que absorve 47% da energia proveniente do Sol) para a atmosfera (absorve apenas 17%). Os fatores condicionantes de mudança da temperatura são a altitude, a latitude, a proximidade do mar e as correntes marítimas.
a)Altitude - quanto mais alto, mais diminui a temperatura visto que a irradiação do calor é feita pela superfícies sólidas e líquidas da Terra e, também, porque os componentes gasosos da atmosfera vão se dispersando na medida em que se sobe.
b) Latitude - quanto maior é a latitude, menor é a temperatura (Equador = 0º e maior temperatura, pólos=90º e menores temperaturas). Isto explica-se pelo fato de que, em face da esfericidade da Terra, a mesma quantidade de raios solares que ilumina a superfície terrestre, em baixas latitudes aquece um arco de circunferência menor que em altas latitudes, daí concentrar mais calor e irradiá-lo mais para o ar que o de altas latitudes (sendo um arco menor, o calor se dispersa numa área mais extensa e assim é menos quente e irradia menos calor para o ar). Observe a figura .
Além disso, os raios solares caem mais perpendicularmente na Zona Intertropical ao longo do ano aquecendo-a mais; incidem inclinados nas Zonas Temperadas e quase na linha do horizonte nas áreas subpolares (onde ocorre o Sol da meia-noite no verão) e polares (onde se vê o Sol sempre na linha do horizonte). Observe a linha escura na ilustração ao lado.
c) Proximidade do mar- o calor específico da hidrosfera é maior que o da litosfera, isto é, as águas oceânicas se aquecem mais lentamente que as massas continentais, decorrendo daí a  suavização das temperaturas e o aumento da umidade atmosférica(a hidrosfera obviamente evapora muito mais que a litosfera) nas áreas sob a influência dos oceanos- a isto chamamos de maritimidade. A maritimidade não é tão sentida em baixas latitudes, como na Zona Intertropical, que já são quentes naturalmente; entretanto, nas médias e altas latitudes (Zonas Temperadas e Glaciais) ela influi fortemente nas condições atmosféricas de temperatura e umidade das áreas litorâneas tanto no período dia-noite (amplitude térmica menor, poiso mar aquece o litoral à noite), quanto no verão-inverno - amplitude térmica anual é menor que nos climas existentes no interior dos continentes.
Quanto mais longe do mar, maior é a continentalidade, ou seja, as diferenças entre dia-noite e verão-inverno. Como exemplo: o clima temperado oceânico apresenta uma amplitude térmica diária e anual inferior a dos clima temperado continental; a razão disto é que a terra se esquenta mais rápido. mas perde calor em tempo menor que o mar. Como no hemisfério N concentram-se mais terras emersas (=massas continentais) há mais continentalidade e desertos do que no hemisfério sul.
d) Correntes marítimas - podem ser quentes (procedentes da Zona Intertropical) ou frias (procedentes das áreas subpolares e polares). Das correntes marítimas quentes a mais famosa é a Corrente do Golfo, originária do Golfo do México na América do Norte, atravessando diagonalmente o Oceano Atlântico e, ao chegar na Europa, aquecendo o seu litoral e aumentando a sua pluviosidade.
Por seu turno, as correntes marítimas frias apresentam uma importância climática e econômica muito importante.
Climaticamente, elas formam desertos litorâneos, pois esfriam o ar sobre o mar onde passam, fazendo condensar o vapor d'água contido nas nuvens carregadas de umidade provenientes do oceano, transportadas por ventos em direção ao continente- daí chove no mar e as nuvens chegam sem vapor no litoral.
Economicamente, estas correntes frias, mais que as quentes, absorvem oxigênio do ar, infiltrando-se nas águas oceânicas, privilegiando a formação de plâncton e daí a grande piscosidade do mar sob a influências das correntes frias. Como exemplo, a Corrente de Humbolt (ou do Peru) que forma um deserto no litoral sul deste país sul-americano, mas o torna um dos maiores produtores mundiais de pescado. Quando as correntes frias encontram-se com as quentes há o fenômeno da ressurgência: águas mais profundas e ricas em plâncton afloram à superfície, tornando-a muito piscosa.
A corrente fria do Peru é chamada pelos peruanos de "El Niño" pois sua influência é maior na  época de Natal (niño= Menino Jesus) e causa mudanças profundas na circulação atmosférica e do mar em todo América. Da América para a Indonésia sopram ventos que elevam o nível do mar em 30 cm e mantém uma diferença de temperatura de 29-30ºC, naquela área do Pacífico Ocidental, para 23-25ºC aqui na América do Sul. Com o El Niño, entretanto, os ventos alísios tornam-se mais fracos no Pacífico Ocidental e assim as águas quentes da Indonésia refluem para a América do Sul, aquecendo todo o Oceano nesta área. A temperatura do ar se elevando aqui, favorece a formação de nuvens carregadas de umidade atmosférica e assim chove nos desertos litorâneos do Peru e Chile, e acentua as secas no Sertão semiárido do NE do Brasil. Hoje, ocorre, também, o fenômeno contrário - o da La Niña.
As diferentes condições de insolação da superfície terrestre determinam as Zonas de Iluminação (ou térmicas) distintas da Terra: a Intertropical (entre os Trópicos de Câncer ao N e o de Capricórnio ao sul), as Temperadas do N e do S (entre os Trópicos e os Círculos Polares) e as Glaciais Ártica e Antártica. Observe a figura da latitude da página anterior..
Além disto, a diversificação térmica explica a diferenciação dos produtos agrícolas tropicais e temperados - uma das causas, entre outras históricas e econômicas, do colonialismo moderno e contemporâneo sobre a América Latina, a África e a Ásia (ex.: colônias de exploração apresentam climas e produtos tropicais diferentes dos que haviam nas metrópoles, com climas e produtos agrícolas temperados).
B) Pressão Atmosférica - é a força atuante da atmosfera (manto gasoso que envolve e protege a Terra com cerca de 600 km de altitude) sobre a superfície terrestre, que é de 760 mm/Hg ou 1.013 mb (milibares) ao nível do mar, conforme demonstrou pela primeira vez Torricelli (cerca de l643).
A camada da atmosfera mais importante é a troposfera (até 12 km de altitude), porque nela acontecem as mudanças (=tropos, em grego) atmosféricas provocadas pela dinâmica das massas de ar. Nela concentra-se, também, ¾ da massa gasosa (especialmente os gases mais pesados, que são o nitrogênio e o oxigênio) e quase todo o vapor d'água da atmosfera.
Como um todo, a atmosfera protege a superfície terrestre: meteoritos se fundem a 2.000ºC em atrito com as altas camadas da atmosfera, formando as estrelas cadentes: a camada de ozônio (entre 10/l7 e 50 km de altitude) protege os seres vivos das radiações ultravioletas do Sol, prejudiciais à saúde.
a) Fatores condicionantes de mudanças da pressão do ar: altitude, latitude, temperatura.
1º] Altitude - à medida que subimos, a coluna de ar diminui e assim também sua força de atuação- como, por exemplo, a 5.500 m de altitude a pressão atmosférica é de 500 mb ou 405,1 mm/Hg.
2º] Temperatura - quando o ar se aquece, os seus componentes gasosos expandem-se e daí a pressão diminui; quando é frio o ar, seus componentes se contraem e aumenta a pressão atmosférica. Podemos simplificar esta relação da seguinte forma: TA=PB e TB=PA. Em TA o ar é ascendente e diz-se que a área é ciclonal ou de depressão atmosférica; em TB o ar é descendente e chama-se área anticiclonal ou de divergência.
3º] Latitude - se, como vimos, a latitude influi na temperatura, evidentemente modifica a pressão do ar - assim, a área equatorial (de mais baixa latitude e mais alta temperatura) é ciclonal por excelência, enquanto as áreas em volta dos Pólos N e S são anticiclonais. As áreas ciclonais são instáveis atmosfericamente, daí serem chuvosas, enquanto as anticiclonais são estáveis, daí resultando a ocorrência de desertos nas áreas cortadas pelos Trópicos (ex.: Sonora e Chihuahua no México, Saara e Kalahari na África)
b) Ventos - correspondem ao deslocamento do ar, que se processa dentro de duas leis físicas: quanto à direção, eles deslocam-se de áreas anticiclonais para as ciclonais; quanto à  velocidade, seu deslocamento será tanto mais veloz quanto maior for a diferença de pressão entre as duas áreas.
Este deslocamento, contudo, não se faz direto das áreas anticiclonais para as ciclonais, por causa da rotação da Terra. No hemisfério N, nas áreas de depressão (ou ciclonais) os ventos se movem no sentido anti-horário, enquanto nas áreas anticiclonais eles se movem no sentido horário. No hemisfério sul, ocorre o contrário. A figura acima ilustra essa explicação. Estas observações são válidas para os movimentos horizontais do ar; para os verticais, não.
Variedades de ventos - Os ventos podem ser planetários (ou regulares) e periódicos.
Como exemplos de ventos planetários há os alísios (de nordeste e de sudeste), os ventos de leste e os ventos de oeste. Entre os ventos periódicos encontram-se as brisas e monções. Os ventos planetários são assim denominados pois sopram numa determinada área da Terra e regularmente no mesmo sentido; os periódicos mudam de sentido de direção em face de mudança dos fatores temperatura-pressão nos lugares onde ocorrem.
Ventos planetários: os alísios sopram das áreas anticiclonais subtropicais para o Equador, portanto na Zona Intertropical. Devido ao movimento de rotação da Terra, sofrem um desvio de direção para oeste- no hemisfério N são os alísios de NE (os ventos têm o nome do lugar de onde procedem, assim:å , de NE para SO), no hemisfério S são os alísios de SEå .
Ao mesmo tempo, por cima dos alísios e em direção contrária sopram os contra-alíseos, que sobem do Equador e descem nas áreas anticiclonais subtropicais. Esta troca de ar entre os Trópicos e o Equador é chamado de célula de Hadley.
Nas Zonas Temperadas sopram os ventos de Oeste, das áreas subtropicais anticiclonais  para as ciclonais subpolares (60º)- neste deslocamento passam por massas oceânicas e levam chuvas para o litoral ocidental dos continentes.
Das Zonas Glaciais para as Temperadas sopram os ventos de Leste, frios e secos (ex.:  os ventos siberianos causam nevascas na Europa).
Ventos periódicos -  brisas- ocorrem nos litorais dos continentes em virtude da troca de calor entre o mar e a terra. Elas podem ser marítimas e terrestres. De madrugada ocorre a brisa terrestre, já que o ar sobre o litoral fica mais frio e com pressão mais alta que no mar; de  dia, ocorre a brisa marítima visto que o mar se aquece mais devagar que a terra. ‚ monções - são típicas do S e SE da Ásia (ou Ásia Monçônica) e podem ser de dois tipos: de verão (chuvosas) e de inverno (secas). Seu mecanismo é semelhante ao das brisas, só que sua área de atuação é maior. Assim, as monções de verão sopram do Oceano Índico para a Ásia, daí serem úmidas- de junho a outubro é plantado o arroz na Ásia Monçônica (é a rizicultura que exige muita água). No inverno, o centro de alta pressão está sobre a Ásia (>massa continental), de onde sopram os ventos para o Índico- daí serem secos. Veja o mapa explicativo.
c) Massas de ar - são grandes volumes de atmosfera que apresentam características de pressão, temperatura e umidade, conforme os seus locais de procedência. Na Zona Intertropical formam-se massas quentes de ar- as equatoriais e tropicais; enquanto nas Zonas Glaciais Ártica e Antártica originam-se as massas frias ou polares. Estas massas de ar, por outro lado, podem ser úmidas ou secas (exclusive as equatoriais que são sempre úmidas) conforme se formem no oceano ou no continente, respectivamente. Já estudamos também que as áreas anticiclonais ou de divergência são secas; enquanto as áreas ciclonais ou de subsidência são úmidas.
Teoricamente as massas de ar polares (mais densas) deveriam vir até o Equador (área ciclonal) e, pelo alto, as massas quentes deveriam chegar até os Pólos N e S. No entanto, devido à obliqüidade do eixo terrestre, as massas polares chegam até as áreas subtropicais (em torno dos Trópicos), daí estas serem anticiclonais; simultaneamente as massas quentes chegam até as áreas subpolares (em torno dos Círculos Polares), daí estas serem ciclonais. As massas frias, ao se dirigirem às áreas subtropicais (raramente chegando às equatoriais, mesmo assim no inverno boreal ou austral), se tropicalizam; ocorrendo o contrário com as massas quentes.
Do encontro das massas de ar quentes com as polares formam-se as frentes polares, entre 35 e 60° de latitude norte e sul do Equador. As frentes são, pois, áreas de contato entre duas massas de ar diferentes, desse contato origina-se uma turbulência ou agitação atmosférica provocando uma grande instabilidade do tempo e daí precipitações atmosféricas (=chuvas frontais).
Nas áreas ciclonais em volta do Equador forma-se, também, uma área de agitação atmosférica e muito chuvosa (a de maior pluviosidade do planeta) chamada de convergência intertropical ou CIT. É assim denominada porque as massas quentes (as equatoriais e tropicais) não apresentam uma acentuada diferença de pressão (como ocorre entre as quentes e as polares). A figura acima ilustra a circulação geral da atmosfera.
As frentes podem ser:  quentes ou ‚ frias.  As frentes quentes - quando o ar quente substitui o frio; ‚ as quentes, quando acontece o inverso. Quando o núcleo de suas pressões são semelhantes, havendo um equilíbrio entre as massas de ar, forma-se uma frente ƒ estacionária; quando uma frente fria se tropicalizou totalmente ou vice-versa, diz-se que a frente está em „ dissipação.
A CIT e as frentes polares mudam de posição geográfica durante o ano. Assim, no solstício de verão no hemisfério norte, predominam massas frias de ar no hemisfério sul (pois é inverno austral), empurrando a CIT (que podemos chamar de Equador térmico) para o norte do Equador geográfico (0°). Verifica-se o contrário quando for verão austral. Nos equinócios a CIT está sobre o Equador geográfico.
Esta circulação do ar é denominada de geral ou primária, condicionando os climas de forma global nas Zonas de Iluminação da Terra. Há, porém, uma circulação secundária em certas áreas da superfície terrestre, condicionada por fatores locais (correntes marítimas, relevo, continentalidade) que, por outro lado, se refletem em variações daqueles tipos gerais de climas.
De acordo com esta circulação geral da atmosfera, Arthur Strahler elaborou umaclassificação genética ou dinâmica do clima (a mais moderna), da seguinte forma:
Ü climas de latitudes baixas - sob influência das massas de ar quente: equatorial úmido, litorâneo com ventos alísios, desertos tropicais e de estepes, tropical seco-úmido;
Ü climas de latitudes médias - influenciados por massas tropicais e polares: subtropical úmido, marítimo das costas ocidentais, mediterrâneo, desértico e de estepe de médias latitudes, continental;
Ü climas de latitudes altas - influenciados pelas massas polares: continental e marítimo subártico, de tundra, da calota de gelo, de terras altas (este nos dobramentos modernos, em qualquer latitude).
C - Umidade Atmosférica - representa o vapor d'água contido na atmosfera, ou mais precisamente, na troposfera. Ela é o resultado da evaporação (maior nos oceanos e menor nos continentes) e da evapotranspiração (das florestas, especialmente das de baixas latitudes), de acordo com a altitude (até uma determinada cota de altitude aumenta a umidade atmosférica, depois vai diminuindo progressivamente, como nos climas de montanha ), a latitude (áreas equatoriais são as mais chuvosas), os ventos (aumentam a evaporação) e a temperatura (quando alta, aumenta o ponto de saturação, isto é, a capacidade de absorção de vapor d'água pelo ar).
A água na superfície terrestre obedece ao ciclo hidrológico, ou seja, o movimento da água nos três estados físicos, da seguinte forma esquemática: evaporação evapotranspiraçãoà condensaçãoà transporte do vaporà precipitação (neve e chuva)à infiltração e escoamento das águas pluviaisà evaporação.
Há duas maneiras de se avaliar a umidade atmosférica: a absoluta e a relativa.  Umidadeabsoluta: quantidade de vapor d'água na atmosfera em certo momento. ‚ Umidade relativa: porcentagem demonstrativa da relação entre a umidade absoluta e o ponto de saturação, isto é, o máximo de vapor que o ar pode conter. Esta última é a que ouvimos ou lemos nos noticiários. Por exemplo, se a umidade relativa do ar é de 75%, significa que a umidade absoluta é de l5% e o ponto de saturação é de 20% em determinado momento da temperatura do ar. Seu cálculo: 15÷20=0,75 ou 75/100 ou 75%; em linguagem matemática, é o quociente da umidade absoluta sobre a relativa, expresso em porcentagem.
A umidade atmosférica manifesta-se de duas maneiras: condensações superficiais (neblina, orvalho e geada) e precipitações atmosféricas (neve e chuva).
a) Condensações atmosféricas superficiais
A neblina ocorre quando se acumulam gotículas de vapor d'água na atmosfera junto à superfície terrestre, em face da temperatura baixa desta última; a neblina ou nevoeiro é comum em manhãs de inverno de cidades do interior ou nas áreas montanhosas: pode reduzir a visibilidade em até 1 km.
O orvalho surge quando o ar se resfria até 0°C à noite, em contato com o solo que perdeu calor durante a noite, ocorrendo então a condensação da umidade atmosférica em plantas ou objetos, sob a forma de gotas de águaS .
A geada acontece da mesma forma que o orvalho, só que a temperatura está igual ou inferior a 0°C, fazendo com que a água em estado gasoso na atmosfera passe ao estado sólido na superfície (=orvalho geladoT ). A geada é muito prejudicial à agricultura, destruindo-a.
b) Precipitações atmosféricas - assim chamadas porque o vapor d'água sobe, forma as nuvens (=gotículas microscópicas de vapor em suspensão na atmosfera), se condensa e depois se precipita (= cai das nuvens). A principal modalidade de precipitação atmosférica é a das chuvasS S , que acontecem sob uma condição fundamental: o resfriamento do vapor de água contido no interior das nuvens (gotículas aumentam de volume e por força da gravidade acabam caindo). Tal resfriamento se dá em 3 situações diferentes, daí decorrendo 3 tipos de chuvas: orográficas (ou de relevo), convectivas e as frontais. Veja ao lado a ilustração de como ocorrem as chuvas orográficas e depois a explicação.
Chuvas orográficas - em litorais montanhosos. Quando ventos transportam massas de ar originárias no oceano (portanto carregadas de vapor d’água) para o litoral e aí se deparam com montanhas, ao subir vão encontrar temperaturas baixas (cada 100 m= menos 0,5oC), descomprimindo a massa de ar e resfriando o vapor, daí sua condensação e a precipitação das chuvas ao longo da subida na encosta (chamada de barlavento). Ao passarem para a outra encosta, as nuvens estão com pouca ou nenhuma umidade atmosférica(o ar sofre compressão e aquecimento, cada 100 m de descida = +1oC) - é a chamada encosta de sotavento, a partir da qual pode surgir climas desérticos ou semi-áridos (ex.: deserto de Atacama, no Chile; Sertão do NE do Brasil).
Chuvas convectivas (veja figura ao lado) - são características de baixas latitudes, especialmente nas áreas equatoriais (em Belém do Pará chove todo dia por volta de 4 horas da tarde). Aí elas ocorrem devido à convergência dos ventos alísios de NE e SE para o Equador, que, por ser uma área ciclonal, fazem subir esses ventos quentes e carregados de vapor. No alto formam nuvens que, por estarem saturadas de vapor d’água, precipitam-se chuvas aí mesmo. Observem o movimento de convecção: ventos alísiosà EquadorÈ É chuvas. Também podem ocorrer como chuvas de verão, quando o ar quente e úmido sobe rapidamente formando nuvens, resfriando-se e depois chovendo a tarde.
Chuvas frontais- quando encontram-se duas massas de ar diferentes (uma fria, outra quente e úmida), formando as frentes e chovendo nesta área de instabilidade atmosférica; são características de médias latitudes, mas também do SE do Brasil no inverno austral.
Com base nas condições gerais dos climas, sua umidade e temperatura, foi elaborada em l900 uma classificação climática genérica ou empírica por Köeppen, quando ainda não se conhecia a dinâmica das massas de ar, sendo estabelecidas letras para definir estas condições gerais dos climas, sua umidade e temperatura.
A 1a letra da classificação genérica de Köeppen, com maiúscula designa as condições gerais do clima: ex. A = climas quentes da Zona Intertropical; B=climas desérticos; C= temperados; D= frios - nas Zonas Temperadas e E= climas polares. A segunda letra revela a pluviosidade, como (entre outras): f =feucht ou úmido; w=de winter ou inverno seco; s=de sommer ou verão seco. A terceira letra simboliza as médias térmicas do clima, como (entre outras): a (quente com + de 22oC), k (de kold, em alemão- frio com cerca de 18o). Excepcionalmente os climas áridos e polares não apresentam a segunda e terceira letras minúsculas - os climas tipo B, podem ser BS (de estepe) e BW (de weser=deserto), enquanto o E pode ser ET (tundra) e EF (frost=gelo ou polar). Ainda se usa muito esta classificação de Köeppen, embora desatualizada.
2.2.3.- Modificações no clima por ação antrópica (pela ação do homem sobre a natureza)
Essas mudanças ambientais manifestam-se mais nos países e regiões desenvolvidas com a industrialização e decorrente urbanização, correspondendo a 3/4 da poluição da Terra (veja tabela ). Nos países subdesenvolvidos, essas modificações climáticas decorrem do desmatamento das florestas de baixas latitudes, para extração de madeira em grande escala (ex.: madeireiras na Amazônia), ou do próprio crescimento populacional e consequentemente, da maior ocupação humana da superfície terrestre.
A industrialização e urbanização provocam problemas de poluição do ar, das águas de rios (escasseando a água para abastecimento urbano e eliminando a fauna e flora por causa dos dejetos urbanos e industriais) e dos mares (como nas rotas petrolíferas). O barulho de máquinas e de motores pode provocar a poluição sonora, causando surdez prematura e stress, além de problemas nos sistemas nervoso e circulatório dos seres humanos.
Países mais responsáveis pelo efeito-estufa
Países
Ton/CO2emitidos
CO2 per capita
% das emissões globais
1.EUA
5228.52
19.88
22.7
2. China
3006.77
2.51
13.6
3. Rússia
1547.89
10.44
7
4. Japão
1150.04
0.17
5.2
5. Alemanha
884.91
10.83
4
6.Índia
803
0.86
3.6
7. Reino Unido
564.84
9.64
2.6
8. Canadá
470.8
15.9
2.1
9. Ucrânia
430.8
8.35
2
10. Itália
423.82
7.4
1.9
A coleta de lixo dos centros urbanos e sua posterior incineração, poluindo o ar, ou sua deposição a céu aberto, sem o devido tratamento, prejudica os solos e os lençóis freáticos (pela infiltração de um líquido proveniente dele chamado de chorume).
O tratamento do lixo urbano pode ser feito por compactação (e depois enterrado em aterros sanitários), por incineração (como o lixo hospitalar queimado para evitar difusão de doenças) e reprocessado (como o lixo orgânico).
Na maioria dos países europeus e nos Estados Unidos o lixo orgânico é triturado nas pias de lavar pratos. Já em relação ao lixo inorgânico nem todo ele é reciclado e nem sempre há uma coleta seletiva - assim, por exemplo, em relação ao vidro, na Suécia, Dinamarca e Alemanha 50% dele é reciclado; na França, 25% (neste país apenas 1% de garrafas plásticas são recicladas). A incineração do lixo, embora polua o ar, pode ser usado para calefação, como é feito nos metrôs franceses.
A nível de macroclima terrestre os problemas maiores são o efeito-estufa e a destruição da camada de ozônio (O3). O efeito-estufa sempre houve em nosso planeta, mas se acentuou após a Revolução Industrial, a partir do século XVIII, em face do aumento de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na troposfera lançados por carros e indústrias, dificultando a dispersão do calor emitido pela superfície terrestre e aumentando a temperatura no planeta.
A temperatura da Terra neste século aumentou entre 0,3oC a 0,6oC. Em face disso o nível do mar subiu, já que aumentou em 25% a quantidade de gás carbônico atmosférico. As avalanches que destruíram estações de inverno nos Alpes em 1999, decorreram do descongelamento anormal dos glaciares de montanhas. Cientistas retiraram bolsas de ar contidas em geleiras profundas da Antártida e, comparando-as com as condições atuais da atmosfera, concluíram que há muito mais gás carbônico e metano no ar hoje, do que nos últimos 420.000 anos.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia concluiu que a fragmentação da floresta, além  das queimadas, tem contribuído para o efeito estufa, visto que a decomposição dos restos de vegetais (remanescentes de abertura de estradas, de projetos agropastoris) libera gradualmente dióxido de carbono para a atmosfera. Além disso, a fragmentação favorece a extinção de espécies animais e vegetais.
O campo de gelo que recobre a Antártida diminui 2o8’ ( de 64o3’ para 61o5’ de latitude S), correspondendo a 5,65 milhões de km2, ou 25% do "inlandsis" que as Zonas Polares. O degelo gera maior quantia de água menos salina, que vai para o fundo do mar, removendo o COe exercendo influência sobre as correntes marítimas e retardando o fluxo de calor que há entre o mar e a atmosfera. Dessa forma, vai influir sobre os climas em toda a face da Terra.
A destruição da camada de O3 (existente logo após a troposfera) decorre do uso de gases como o CFC (nos aerossóis, compressores de ar condicionando e de geladeiras), como o brometo (em extintores de incêndio e em praguicidas de lavoura) e em solventes. Esses gases reagem e destróem o ozônio dessa camada protetora da Terra, não filtrando mais o UV da radiação solar, causando câncer de pele e destruindo plantas. A população caucasóide, isto é, de cor branca é mais sensível às radiações ultravioletas e sujeitas mais ao câncer de pele..
A nível de microclima urbano ocorrem as "ilhas de calor "e a inversão térmica, além do problema do lixo descrito acima.
Notamos a formação de verdadeiras "ilhas de calor" nas grandes metrópoles, pois as construções urbanas, a ausência de biomassa (áreas verdes), o maior uso de combustíveis fósseis e concentração de gases e de material particulado (fumaça, pó, fuligem) na área central faz com que se absorva mais insolação (calor do Sol) e a devolva com uma irradiação maior de calor e de poluentes emitidos para a atmosfera do que nas áreas periféricas. Estes poluentes sobem com o ar, se esfriando e formando como que um nevoeiro, que circula entre o centro e a periferia. As ilhas de calor representam uma manifestação urbana do efeito estufa.
A ausência da troca vertical entre o ar frio de cima com o ar quente irradiado chama-seinversão térmica (também denominada de efeito tampa pelos meteorologistas). Acontece especialmente em manhãs de inverno, quando uma cidade grande está sob a influência de massa de ar polar. Normalmente há um deslocamento vertical constante do ar quente (em baixo), que sobe e esfria, com o ar frio (em cima), que desce e se esquenta, dispersar os poluentes na atmosfera. Esta forma de poluição atmosférica urbana é chamada de inversão térmica porque o ar quente e poluído urbano se sobrepõem ao ar frio (que está em baixo), não havendo mais o deslocamento vertical do ar e concentrando os poluentes perto do solo urbano. Este fenômeno é responsável por doenças respiratórias e olhos irritados nas pessoas.
Nos países industrializados do hemisfério N ocorrem as chuvas ácidas devido à emissão de poluentes de refinarias de petróleo, usinas termelétricas e veículos, contendo óxidos de enxofre e nitrogênio, que se dissolvem no vapor d’água das nuvens. Seus efeitos: corrosão de paredes e monumentos (como acontece na Grécia); destruição da flora e fauna de lagos (como nos lagos escandinavos, no norte da Europa) e das folhas das árvores (como na Floresta Canadense e na Floresta Negra da Alemanha); danos à agricultura.
Os desmatamentos provocam a desertificação, maior erosão dos solos, assoreamento de rios, destruição da flora e fauna, modificações no ciclo do carbono na atmosfera (plantas inalam COe exalam O2.
Num ecossistema se armazena energia nos solos, na biota (flora e fauna) e nos restolho (restos da biota em decomposição). Nas florestas de baixas latitudes o grande desmatamento, ora para extração de madeiras, ora para grandes projetos agropastoris, tem provocado, além dos efeitos já citados, a desertificação dos climas, visto que o ciclo hidrológico torna-se mais rápido , já que ocorre mais evaporação que infiltração de água nos solos (antes usada pelas plantas ao longo do tempo na medida de suas necessidades) e mesmo a água em circulação diminui na área desmatada, pois ela foi escoada para os rios e daí para os oceanos e mares.
O Sahara está aumentando cada vez mais, em face da desertificação que ocorre na região do Sahel (sul deste deserto). As razões dessa desertificação se explicam pelo uso desordenado dos solos, ora pela monocultura (antes havia a rotação de culturas de cereais e goma arábica, permitindo sua reconstituição), ora pelo aumento dos rebanhos (consumindo mais gramíneas e compactando mais os solos com suas patas, dificultando a absorção da pouca água de chuva que cai).
Como o clima do Sahel é semi-árido, o ecossistema é muito frágil e esta ação antrópica desestabilizou o equilíbrio precário do ciclo hidrológico - daí a ocorrência de secas e fome (em l968 e 1974) e a ampliação da faixa desértica do Saara para o sul (entre 1958 e l975 foi de 200 km). Os ambientalistas e ecomaltusianos justificam esta desertificação por causa do aumento enorme da população no Sahel, exigindo mais alimentos e o uso maior dos solos - o Sahel é um dos "bolsões de pobreza" da Terra.
Nas estepes centrais da Ásia, onde se situa a ex-república socialista do Kazaquistão, está ocorrendo também um processo de desertificação, devido ao cultivo irrigado do algodão nesta região semi-árida. Para isto, foram canalizados os rios Amu-Darya e Sir-Darya, que desembocam no Mar de Aral. Em face da diminuição do débito fluvial destes rios no mar e da maior evaporação da água canalizada para irrigação, o Mar de Aral está secando e assim diminuindo em extensão e profundidade. Suas águas estão mais salgados, estão morrendo os peixes.




Industrialização
  1. Origens:
    • Clássica: É aquela que surgiu na Inglaterra no séc. XVIII, e na Europa, EUA e Japão no séc. XIX.
    • Planificada: É aquela que surgiu no séc. XX nos países socialistas.
    • Tardia: É aquela que surgiu nos países subdesenvolvidos pós 2º Guerra Mundial.
  2. Tipos:
    • Indústria Pesada: Origens da industrialização clássica e planificada.Visa produzir produtos que servem para as indústrias leves.
      • Indústria de Bens de Produção.
      • Indústria de Base.
    • Indústria Leve: Produtos que visam, em prioridade, o consumidor final.
      • Indústria de Bens de Consumo.
        • Durável - Automobilística,.. .
        • Não Durável - Têxtil, alimentícia,... ( O Brasil inicia aqui sua industrialização tardia)

Indústria
·         Impacto positivo
- Desenvolve a economia - Gera empregos direta e indiretamente - Gera impostos
- Desenvolve o comércio (local) – Tecnologia - Desenvolve o setor primário (matéria prima) - Desenvolve o Sistema de Transporte.
·         Impacto negativo
- Degradação do meio ambiente.
- Multinacionais (domínio econômico e político).
- Mudanças de padrões de consumo, cultural....
- Especialização da mão-de-obra.
·         Concentração Industrial
- Espacial - terreno, geográfico. Muitas indústrias na mesma região. Encontra-se nos países desenvolvidos (Rev. Ind. ) subdesenvolvidos (multinacionais / capital estrangeiro).
- Financeiro - Associação econômica entre empresas.
   Horizontais - Grupos de empresas independentes.
   Verticais - Grupos de empresas ligadas.



Tipos de Indústrias
  • Indústrias de base ou de bem de produção: Transforma a matéria prima
    Máquinas para indústrias
  • Ind. leve ou de bens de consumo: duráveis e não duráveis.
·         Tecnologia:T. de ponta - a mais avançada
T. clássica - é a básica e ultrapassada em relação a de ponta.
Origem:
  Ind. Clássica: P. do Norte, Rev. Industrial, Art - Manufatura - Indus.
  Ind. Tardia: P. do Sul, dec. 60/70- multinacionais (empresa de ponta), capital estrangeiro
  • Polo. do Norte
    • Setores da atividade:- Secundário
      - Terciário (sociedade de consumo)
      Indicadores Sócio-Econômico:- Crescimento vegetativo baixo
      - Renda per capta alta
      - Concentração de renda
      - Homogênea
      - Expectativa de vida alta (70 anos)
      - Sociedade de consumo (desenvolvimento econômico)
  • Polo. do Sul
    • Setores de atividade econômica:- Primário
      - Secundário* (apenas a sub indústria)
      - Terciário* (P.S.I)
    • Indicadores Sócio-econômico- Crescimento vegetativo alto
      - Renda per capta baixa* , concentração de renda bastante  heterogênea
      - Expectativa de vida baixa (35 a 70 anos)
      - Problemas Sociais: Educação, Desemprego, Saúde, Fome, Moradia.

Indústria Japonesa 
·         Era Meiji (1868):
 - Início da industrialização
- Desenvolvimento tecnológico educação
- Condições para montar as indústrias
- Zaibatsus - dona das indústrias- grupo econômico familiares
- Provocou a 2º Guerra Mundial
Depois da guerra os EUA vencem e ajudam o Japão a recuperar, ajudando o Zaibatsus para retornarem o crescimento industrial. O Japão não podia ter forças armadas, gasta o dinheiro destinado a este para o desenvolvimento econômico. Presidente dos EUA está com medo da localização do Japão perto da URSS.

China 
Governo Socialista
Multinacionais e capital estrangeiro - Entrada de Mercado.
ZEE - Zonas Econômicas Especiais = Entrada de características capitalistas. Indicadores Sócio-econômicos:  baixos salários, vasta mão de obra, poucos direitos trabalhistas

3º Mundo Industrializado
  • Tigres Asiáticos
    –Taiwan –Cingapura -Coréia do Sul -Honk Kong
  • - Não formam um bloco econômico mas têm Rápido crescimento econômico.
    - Ind. Tardia
    - Tec. clássica
    - Ind. Incompleta
    - Capital estrangeiro (EUA e Japão)
    - Mercado Externo
  • Brasil
    - Ind. tardia
    - Tec. clássica
    - Ind. incompleta
    - Multinacional
    - Mercado interno
  • Transferência de Tecnologia
    do 1º Mundo para 3º Mundo
    da Tec. de Ponta para Tec. clássica
·        Vinda das multinacionais:
- dependência tecnológica (pouco desenvolvimento econômico)
- Descapitalização ( o dinheiro vai para fora)
- adaptação (tec. de uma realidade é implantada em outra totalmente diferente, causando desemprego)
·        Migração de Cérebro - do 3º Mundo para 1º Mundo
Industrialização no Brasil
Industrialização TARDIA-Aconteceu pós II Guerra Mundial.
·        EUA e Europa vendiam industrializados para os paises subdesenvolvidos, e estes mandavam matéria prima.
·        Comércio entre EUA e Europa enfraquece com os países subdesenvolvidos, e volta-se principalmente a indústria Bélica.
·        Os países subdesenvolvidos têm que desenvolver a indústria que comprava das grandes potências, é a chamada Indústria de Substituição.(Tardia)
·        Volta da venda de industrializados dos EUA e Europa para os países subdesenvolvido, mas há algumas tarifas alfandegárias para garantir o Protecionismo.
·        Entrada de Multinacionais e transnacionais nos países subdesenvolvidos, evidenciando a entrada de capital externo, nos tornando mais dependentes.

OBS.: Multinacional é diferente de Transnacional. A primeira se caracteriza por uma industria que transfere sua produção para o país, mas mantém sua administração e padrões de produção no país da matriz. Já transnacionais transferem a parte produtiva e sua administração para o país, adequando sua produção os valores locais.

Industria Brasileira Pós IIº Guerra Mundial
·        Consolida-se o modelo urbano industrial.
·        Forte presença do capital externo.
·        O governo Vargas constrói a CSN(Companhia Siderúrgica Nacional) e a Petrobrás. 
·        Durante o governo Vargas desenvolve-se uma política nacionalista.
·        Durante o governo J.K. aumento a participação do capital externo devido à abertura de estradas, à construção de Brasília e a vinda da Indústria Automobilística.


Dívida no governo J.K.
Deu-se o aumento desta com o Estado pegando dinheiro para infra-estrutura.
A partir de tal atitude do Estado, vamos discutir sobre os investimentos na indústria pela Tríplice Aliança, sendo esta, a elite nacional, o capital externo e o Estado.
·        A Elite Nacional investiu na indústria de Bens de Consumo não durável.
·        O Capital Externo em indústrias de Bens de Consumo Durável.
·        E o Estado na Indústria de Bens de Produção.
Industrialização: da Ditadura aos dias de hoje
A Ditadura iniciou-se em 1964, intensificou com o tempo e foi marcada pela crueldade de suas torturas, adotando a política do Pão e Circo, que preservava a alimentação e a diversão da população, principalmente. Os grandes projetos elaborados nesse período contribuíram para o aumento da nossa dívida externa, através do chamado "milagre brasileiro", que durou entre 1968 à 1973. Nesse processo de intensa industrialização aumentou-se o parque industrial brasileiro.
Em 1973 ocorreu a 1º crise do petróleo por problemas diplomáticos entre os EUA e os países exportadores deste produto. Com a elevação do preço do barril de petróleo, os juros cobrados em cima de nossas dívidas aumentaram, fazendo o Brasil pegar dinheiro emprestado com outros países favorecidos com a alta do petróleo, são os chamados petrodólares. Isso aumento significantemente nossa dívida externa, e desestabilizou um país que parecia estar numa corrente financeira, política e econômica ascendente.
Em 1979 aconteceu a 2º crise do petróleo, e de novo se elevou os juros nas grandes potências, mas o Brasil não tinha mais a quem recorrer para pedir dinheiro emprestado para pagar os juros, nos levando a entrar na década de 80 em crise, daí vem o nome "década perdida". As medidas tomadas pelo governo foi emitir moeda, que elevou ao absurdo nossa inflação; trabalhar em cima da balança comercial pelo superávit, levando ao equilíbrio da balança de pagamentos; e até declarar moratória.
Nos anos 90 o fim do socialismo torna o mundo neoliberal, e com isto aumenta a participação do capital e de produtos externos na economia, e, conseqüentemente, a saída do estado desta, daí a explicação pelo grande número de empresas privatizadas no Brasil hoje em dia.


Anos 80
Anos 90
Guerra Fria (1947-90)
Nova ordem Mundial
EUAxURSS
  • Bipolaridade
Globalização
  • Multipolaridade
Economia-
  • 1º Plano - Poder Bélico
  • 2º Plano - Poder Econômico
Economia-
  • 1º Plano - Poder Econômico
  • 2º Plano - Poder Bélico

Poder Econômico - Caracterizado pelo neoliberalismo, vê-se o poder nos blocos econômicos e a intensificação da globalização

 O Brasil no comércio internacional
  • Com a globalização da economia mundial, o Brasil tem procurado se tornar um "Global Trade", isto é, um país que seja parceiro e que faça comércio com todo o mundo.
  • Nos anos 90 o governo procurou incrementar os corredores de exportação, para assim projetar um superávit na balança comercial.
  • Entrada do Brasil no Mercosul mostra a intenção deste de ter maior participação na economia mundial.
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Concentração e dispersão industrial
·        Ao iniciar a industrialização de um país, ela inicialmente se concentra em um local, nas regiões fabris. Mas ao longo do tempo acontece a dispersão, com as fábricas mais modernas procurando outras áreas que atendam os seus interesses.
·        A região fabril deve-se a presença de matéria prima, mercado consumidor e facilidade de transporte.
·        Ocorre a dispersão pois as manchas de industrias torna seus terrenos caros, com altos impostos, sindicatos de trabalhadores... e para fugir disso as industrias procuram locais afastados, com menos impostos, melhores terrenos, e a tecnologia ajuda a facilitar esse processo.
·        Com o desenvolvimento de transportes e comunicações, as pequenas cidades próximas às áreas tradicionais de industria, tornam-se atrativas, e algumas indústrias são implantadas nessas novas áreas.
·        A dispersão industrial do sudeste começa pelo Rio de janeiro, pois a concentração econômica da lavoura cafeeira de São Paulo fez com que desenvolvesse o transporte ferroviário, então as industrias foram disperssando-se ao longo das ferrovias.
·        Nas últimas décadas a dispersão industrial tem acontecido pelo estado de São Paulo, já que as cidades periféricas oferecem condições favoráveis.
·        A criação da Zona Franca, na década de 70, foi responsável pela dispersão para o Norte.

Divisão do Trabalho
Ela é uma forma de cooperação social que exige especialização e interdependência de funções, além do aprimoramento de ferramentas para cada seção de trabalho.
A primeira modalidade de divisão de trabalho foi a sexual nas comunidades primitivas, em que a mulher cuidava dos afazeres domésticos e da agricultura, enquanto o homem caçava, pescava e fazia a guerra. Foi aprofundada com a Revolução Industrial, surgindo a divisão técnica de trabalho e enfatizando a divisão espacial de trabalho, que pode ser local, regional e internacional, em busca de maior lucro e produtividade, além da especialização das áreas e setores de produção, objetivando maiores lucros e produtividade dos agentes envolvidos no espaço geográfico (produção, circulação e comunicação).
A Divisão técnica de trabalho - nas fábricas, apresentando o seguinte quadro evolutivo:
  • ·         Taylorismo- nas seções especializadas e interdependentes cada operário faz uma tarefa limitada, rígida e cronometrada num certo tempo. Mais tarde, de l920 a l970, vigorou o fordismo, criado nos EUA baseando-se na linha de montagem para atender à      incipiente sociedade de consumo de massa.
  • O fordismo caracteriza-se, pois, pela especialização das tarefas de trabalho (sistema rígido de trabalho mecânico e repetitivo, aumentando a produtividade do processo de produção), pela estandardização ou padronização da produção na linha de montagem. O fordismo induziu a concentração e verticalização das fábricas num processo de convergência. A inspiração de Ford no elaborar desse processo de gerenciamento industrial, foi a maneira como os frigoríficos da Armour, em Chicago, industrializavam a carne suína, onde os porcos já abatidos eram transportados de uma seção à outra por uma correia. Ford,  criou esse sistema mecânico e repetitivo e ainda, distribuiu parte dos ganhos de produtividade aos salários dos seus operários.
Just-in-time (ou toyotismo): método criado pelos japoneses após crises petrolíferas (década de 70) p/ diminuir custos, segundo o qual as mercadorias devem ser entregues aos clientes com qualidade e respeito aos prazos, mas não menosprezando a originalidade e criatividade dos agentes produtivos. A produção está vinculada aos interesses imediatos do mercado, trabalhando-se com um estoque mínimo, exigindo polivalência dos empregados (mais qualificação), pressupondo equipe de trabalho (não mais linhas rígidas de produção) e desregulamentação (trabalho flexível e temporário),e, finalmente, plantas industriais descentralizadas em busca de custos menores. As palavras just-in-time significam "tempo justo" - as várias etapas do processo produtivo são acertadas entre fornecedores, produtores e clientes, determinando custos menores de estocagem e uma produção de acordo com o mercado
  • ·         Consórcio modular:cada módulo de produção (ocupado por fornecedores, antes fora da empresa, agora dentro dela) fabrica um conjunto de componentes da linha de montagem para produzir o produto final reduzindo custos de transportes e de estocagem destes componentes, aumentando lucro da empresa. Exemplo: a fábrica de caminhões da Volkswagen, em Resende, onde os fornecedores produzem em seus módulos o chassis, os eixos, as suspensões e molas, as rodas e pneus conforme a demanda interna.
  • Essas duas últimas modalidades de divisão técnica de trabalho estão inseridas nas inovações geradas pela Revolução Tecnocientífica e no modelo sistêmico-flexível de trabalho (Flexibilidade do trabalho em relação a horários e não fechado a esquemas de produção como os primeiros). Em verdade, são métodos de gerenciamento empresarial com os objetivos de reduzir os custos de armazenamento de peças e dos produtos e do atendimento do mercado conforme suas necessidades.

  • Divisão internacional de trabalho (hierarquização de produção entre países) feita pelo comércio exterior (também chamado de transações correntes ou balanço de pagamentos), que consiste na balança comercial, ou seja, exportação e importação de mercadorias e a balança de serviços, ou seja, saída e entrada de fretes, seguros, juros de empréstimos de capital feitos pelos bancos, lucros de empresas, patentes (ou royalties cobrados pelo uso de tecnologia externa).
Esta hierarquização entre a produção e as transações comerciais entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos mudou operacionalmente após a II Guerra Mundial com a industrialização de certos países chamados de emergentes (da América Latina e os tigres asiáticos)- assim exportando produtos manufaturados. Mesmo assim, porém, continuam dependentes economicamente (por causa da dívida externa contraída em bancos para sustentar sua política desenvolvimentista) e tecnológica (as transnacionais aí instaladas transferiram apenas tecnologia clássica).

 


INDICADORES SOCIAIS E ECONOMICOS
OBS:Em indicadores como taxas de crescimento econômico, juros e exportações, país ocupa o final de lista de 25 economias 

 
As maiores Taxas de Crescimento
A África do Sul, com crescimento de 3,6% no período, é o país que está mais perto do fraco crescimento brasileiro. Ainda assim, o resultado da economia sul-africana é mais do que duas vezes superior ao da economia brasileira. A Hungria também teve crescimento de 3,6% no período.
A China, que enfrenta o risco de superaquecimento de sua economia, continua sendo o destaque positivo na comparação. Cresceu 11,3% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Ranking dos Emergentes(*)
China 11,3% ; Venezuela 9,2% ; Cingapura 8,1% ; Israel 6,2% ; Coréia do Sul 5,3% ; Indonésia 5,2% ; México 4,7% ; Taiwan 4,6% ; Chile 4,5% ; Colômbia 3,7% ; África do Sul 3,6% ; Hungria 3,6% ; Brasil 1,2%
(*)Fonte: Economist

RISCO BRASIL
O nível de risco de um país mostra a certeza ou falta de certeza, que os investidores internacionais têm de que um país vá honrar seus compromissos. Quanto mais alto for este número, maior será a possibilidade deste país vir a dar um calote na dívida. Isto afasta os investidores, logo o país terá de oferecer juros mais altos para convencer os investidores a comprar seus títulos - é um prêmio pelo risco. Com esse número ( 1.770 pontos ) para os investidores estrangeiros o Brasil tornou-se o segundo país mais arriscado do mundo.
Os investidores internacionais utilizam os títulos do tesouro americano como aplicação de referência, por ser o mais seguro do mundo, logo 1.770 pontos para os títulos do Brasil, significam na prática, que para os investidores internacionais os títulos emitidos pelo Brasil, só compensaria os riscos, se negociados a uma taxa de 17,7 pontos acima de um título do tesouro americano.
O título americano de 30 anos ( T - Bond ) fechou a última sexta ( 21/06/02), com juros de 5,3% ao ano, logo o título equivalente brasileiro para ser negociado no mercado internacional teria de pagar juros de no mínimo 23% ( 5,3 + 17,7=23 ) ao ano, em dólar, naturalmente.
Pode-se também avaliar o risco de um país, também pelo preço do título ( do país ) no mercado privado. O título da dívida externa brasileira mais negociado é o C-Bond, vamos imaginar um título no valor de US$ 1 milhão, com vencimento em 15 anos e taxa de juros de 13% ao ano. Na prática significa tomar dinheiro emprestado, com a promessa de pagar em 15 anos, pagando a cada ano, juros de 13% .
Mas, o dono deste título desconfia que estão diminuindo as suas chances de receber no prazo ,não só os juros anuais, mas também o seu US$ 1 milhão. Para reduzir seu prejuízo ele se desfaz deste título no mercado privado internacional. 
O Controle da Inflação
Brasil desde 2002 reduziu a taxa de 12,5% para os menos de 4% esperados neste ano. No ranking, passou da 6ª maior taxa para a 13ª. Neste ano os campeões com a maior taxa acumulada em 12 meses são os 15% na Indonésia. Em 2002, a campeã da inflação foi a Argentina, onde os consumidores arcaram com uma alta de preços de 41%.
Juros versus Inflação
O preço dessa boa performance no controle da inflação é justificado pela prática das maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Desde 2002 o país ocupa as primeiras colocações entre as maiores taxas. Com as recentes quedas das taxas (hoje em 14,25% ao ano) o Brasil passou a ocupar a segunda colocação. Os cinco países com maiores juros eram os mesmos no final de 2002 e na semana passada: Brasil, Turquia, Indonésia, Rússia e Venezuela. Desses, o Brasil é o único que não está entre as cinco maiores inflações.
Exportações Sem Avanço - (2002-2005) 
Quando o governo afirma que as exportações, "cresceram 100%, um índice muito acima da média mundial". é preciso muita cautela nesta análise, pois as exportações do país cresceram 96%, mas o conjunto dos países emergentes também obtiveram crescimento, se bem que abaixo de 96%. Este ranking de exportadores torna-se mais próximo da realidade quando a exportação é relacionada com o volume da economia. No final de 2001, o Brasil ocupava o antepenúltimo lugar , superando Índia e Egito; hoje, com US$ 60 bilhões de vendas anuais a mais, o país está no mesmo posto. Em comparação, a China subiu cinco posições e passou à condição de 13º maior exportador (em valores absolutos, é o maior); a Venezuela subiu quatro e chegou ao 8º lugar; o Chile passou da 14º à 11º colocação.
Carga Tributária
O Brasil tem a maior carga tributária das 28 economias, nos últimos dez anos o governo elevou a carga tributária em 10 pontos percentuais, chegando a um patamar atual de cerca de 38% do PIB (Produto Interno Bruto). ainda que os critérios variem de país a país, A renda per capita era a 14ª maior em 2002 e em 2005. Na concentração de renda, só Colômbia e Chile têm índices tão altos. O governo arrecadou mais, mas investiu menos, gastando o dinheiro em outras áreas.
FMI - Fundo Monetário Internacional
Boa parte dos principais emergentes protagonizou crises na década de 90 e precisou de pacotes de socorro do FMI. Nessa lista, ao lado do Brasil, estão Argentina, Coréia do Sul, Malásia, Tailândia, Indonésia, Turquia, Rússia e México. Dos nove, apenas Coréia, Malásia e Tailândia combinam hoje boas taxas de crescimento econômico e inflação baixa. Argentina, Indonésia, Turquia e Rússia apresentam taxas elevadas de crescimento e inflação. O México segue, com mais sucesso, o modelo brasileiro.
Investimento Público
São exatamente as baixas taxas de investimento no Brasil que estão por trás do desempenho mais fraco do país em relação aos emergentes. Na prática, foram os investimentos públicos e privados que determinaram a evolução maior ou menor do PIB nos últimos 15 anos. Para empresários e economistas ouvidos pela Folha, o nível de investimento público e privado no país, estagnado em torno de 20% do PIB há anos, é o indicador fundamental que mostra que o Brasil continua andando "de lado". Os investimentos públicos federais são considerados fundamentais para estimular o setor privado a também investir mais. Mas eles estão estagnados há anos sem grandes alternativas de expansão, pelo menos não há previsão de alteração para o orçamento de 2007. Desde o início do segundo mandato do governo FHC até o terceiro ano do governo Lula, a média dos investimentos do governo central em infra-estrutura e das estatais sob controle federal tem ficado ao redor de 2% do PIB. O volume é considerado muito pequeno e insuficiente para puxar ondas de investimento no setor privado. Nos últimos anos, os recursos disponíveis para investimentos públicos têm sido direcionados para o superávit primário (economia para pagar juros) e para gastos considerados assistenciais e sociais.

4 - A IMPAGÁVEL DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA
    A dívida externa do Brasil esta hoje por volta de US$ 238 bilhões. Somente neste ano de 2001, o País deverá pagar entre US$ 42 bilhões a US$ 43 bilhões aos credores internacionais  para honrar a dívida externa. Desses US$ 42 bilhões a US$ 43 bilhões, US$ 26 bilhões serão destinados a amortização ( abatimento do principal ) e o restante, cerca de US$ 16 bilhões,  para pagamento dos juros.
    Mesmo com o pagamento da parcela de US$ 43 bilhões, a redução é tão pequena  que o endividamento externo, continuará sendo um dos principais problemas do  país por muito tempo.
    De 1994 a 1998 o País remeteu ao exterior R$ 128 bilhões para o pagamento do serviço da  dívida e, em 1999, mais R$ 67 bilhões. No mesmo ano, o Governo Federal destinou R$ 12  bilhões para a Educação e R$ 9 bilhões para a Saúde.
    Se os 171 milhões 588 mil brasileiros tivessem que assumir essa dívida para  quitá-la de uma só vez, cada um precisaria desembolsar em um ano cerca de US$  1387 ou R$ 3.302.  Os economistas são unânimes: esses US$ 238 bilhões, que há  várias décadas dão ao Brasil o título de País emergente mais endividado do  mundo, são mesmo impagáveis, e uma grande maioria dos  brasileiros não teriam  esse valor , e outros mais privilegiados, não estariam dispostos a sacrificar um  sonho de consumo para contribuir com a redução do endividamento brasileiro.
    A dívida per capita brasileira ( US$ 1387 ) não é a maior do mundo. O Brasil ocupa o 17º  lugar, em uma lista em que o Gabão ocupa o 1º lugar, com uma dívida per capita de US$ 3800, um dos Países mais pobres do mundo, A Hungria ( US$ 2680 ) e a Argentina ( US$ 2660). A Argentina tem a sexta maior dívida externa do mundo, de US$ 140 bilhões. O  endividamento externo brasileiro é o maior do mundo e 51% superior ao do México,  com US$ 157 bilhões.
A ORIGEM DO ENDIVIDAMENTO
     No início do século 19 Portugal e Inglaterra mantinham o Tratado de Aberdeen, que entre  outros itens, estabelecia que um País deveria defender o outro.    Os portugueses, endividados com os ingleses, e perdendo também os dividendos   da colônia, conseguiram impor ao Brasil essa dívida, cuja última parcela foi paga   só em 1957.
    De acordo com o professor Adalto Corrêa de Souza Junior ( Unimonte e Unisantos ), em  1889, o Brasil devia US$ 150 milhões, em 1921, já negociava com os Estados Unidos uma  dívida de US$ 50 milhões. Em 1930, os americanos eram credores de 30% do montante da  dívida da época.
    A primeira moratória aconteceu em 1937, e o pagamento foi reiniciado em 1943.  O Brasil recorre ao Fundo Monetário Internacional ( FMI ) desde 1958, já firmou diversos acordos e comprometeu-se com ambiciosos planos de ajuste. Mas, com a  mesma facilidade com que firmou os acordos, deixou de cumpri-los. Somente a  partir de 1998, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, é que seguiu-se as principais recomendações da instituição e as principais metas  acertadas com o Fundo foram cumpridas.
 Depois das duas crises do petróleo, em 1973 e 1979, a dívida externa brasileira se consolidou como a maior do mundo.  ( História da Crise do Petróleo ) .   No final dos anos 60, durante o regime militar, o País optou pelo crescimento  rápido, com uso de recursos externos, aumentando a dívida.   Em 1973 o Brasil crescia muito, 11% ao ano, e o Barril de petróleo custava US$ 2,50. Com a crise, pulou para US$ 14.
    Com a segunda crise do petróleo em 1979, o barril de petróleo chegou a US$ 30,  para um País importador de petróleo, este fato provocou o aumento da dívida.
     Na mesma época, ( * )Delfim Neto foi  renegociar a dívida e optou pelos juros flutuantes,  que estavam baixos. Em dois meses, porém a taxa de 7,5% subiu para 21% e a dívida  externa brasileira de 1979 aumentou de US$ 50 bilhões para US$ 84 bilhões em 1984.  Estando atualmente (2001) por volta de US$ 238 bilhões. 
( *) Delfim Neto foi ministro da fazenda durante regime militar que se instalou no País em  1964, responsável pelo chamado "milagre brasileiro" na década de 70. Delfim Neto  tornou-se folclórico na década de 80, pois assinou várias cartas de intenções com o "board"  ( gerência ) do FMI, mas não cumpriu nenhuma delas.
Auditoria
    A auditoria da dívida pública brasileira esta prevista na Constituição de 1988. Uma auditoria sobre a dívida externa, seria um meio de expor toda a verdade sobre o processo de endividamento interno e externo; ver como a dívida afeta diretamente a vida do cidadão; pressionar as autoridades para que a comunidade possa ter aos documentos que comprovem a legitimidade da dívida; e encontrar uma saída para a redução da dependência do capital estrangeiro. Uma auditoria da dívida poderia responder questões cruciais para o Brasil: Como e por que chegamos a esse ponto? ; Onde foram efetivamente aplicados os recursos capitados nos empréstimos?; Quanto tomamos emprestados?; Quanto ainda devemos?. Grande da natureza da dívida pública interna e externa, é desconhecida até pelo Congresso Nacional, que é quem aprova os pedidos de empréstimos no exterior.
Antecedentes
    Em 1931, no governo Getúlio Vargas, houve a primeira "Auditoria da Dívida Externa Brasileira", que constatou diversas irregularidades: " Somente 40% dos contratos econtravam-se devidamente documentados; os valores reais das remessas eram ignorados e não havia contabilização regular da dívida externa federal. Resultado: houve uma suspensão de pagamentos e considerável redução da dívida.
 O PIB (Produto Interno Bruto) é um dos principais indicadores da economia de um país. Ele revela o valor ( soma ) de toda a riqueza produzida por um país. Quer dizer que, PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de toda a riqueza de um país produzida em um determinado período, geralmente um ano.
Quem calcula ?
Os cálculos do PIB são feitos e divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um orgão do governo que tem a missão institucional de retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania.
Como é calculado ?
O cálculo do PIB, no entanto, não é tão simples. Do preço final de cada produto, é preciso saber a contribuição de cada setor para a produção e composição do preço final do produto. Por exemplo se você produziu uma obra de arte e vendeu por R$ 50,00 , sabendo que precisou comprar madeira a R$ 10,00 mais as tintas R$ 20,00 , neste caso a participação da indústria foi de R$ 30,00 e você que transformou a madeira em arte contribuiu com mais R$ 20,00 para o PIB nacional.
O IBGE precisa fazer cálculos para toda a cadeia produtiva brasileira. Ou seja, ele precisa excluir da produção total de cada setor as matérias-primas que ele adquiriu de outros setores.
Depois de fazer esses cálculos, o instituto soma a riqueza gerada por cada setor, chegando à contribuição de cada um para a geração de riqueza e, portanto, para o crescimento econômico.
PIB
O PIB em 2004 – ( o melhor desempenho desde 1994, diz IBGE )
O valor do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas pelo país) chegou a R$ 1,769 trilhão (1 trilhão e 769 bilhões de reais) em 2004, correspondendo a US$ 605 bilhões (dólares), considerando um dólar médio de R$ 2,9257 no ano passado, Estes valores significam que o crescimento da economia no ano de 2004 foi de 5,2%.
Ésta conversão em dólares se faz necessária para que possamos comparar a economia do Brasil com a dos demais países.

O Brasil na economia mundial

Com esse crescimento do PIB em 5,2% , o Brasil melhorou sua posição no ranking mundial das maiores economias entre 2003 e 2004, passando da 15ª para a 12ª posição.
As maiores economias do mundo À frente do Brasil estão Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, China, Espanha, Canadá, México e Austrália. Em 2003, o Brasil aparecia atrás de todos esses países e também da Índia, Coréia do Sul e Holanda.
Apesar de ter recuperado três posições no ranking das maiores economias, o desempenho do Brasil ainda pode ser considerado ruim em termos históricos. Em 1998, por exemplo, a economia do Brasil aparecia como a oitava maior do mundo.

Setores da Economia

O consumo das famílias também exerceu papel relevante no crescimento da economia, com alta de 4,3%.
Aumento da oferta de crédito --impulsionado por novas modalidades como o empréstimo com desconto em folha-- o consumidor se sentiu mais confiante para fazer compras a prazo.
A melhora do mercado de trabalho. Em 2004, o desemprego chegou a 9,6% em dezembro, a menor taxa desde o início da série histórica.
A queda dos juros a partir de meados de 2003 também teve efeito benéfico sobre a economia.


ECONOMIA MUNDIAL - PERSPECTIVAS    
Nos últimos séculos  a expansão comercial do mundo foi alavancada pela Europa dos grandes navegadores, nos últimos anos este papel tem sido assumido pelos EUA, porém a história nos mostra, juntamente com os números, que, o futuro será diferente.
Um estudo elaborado pelo Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri), encomendado pela União Européia (UE), e com a utilização de modelos matemáticos com o objetivo de obter uma visão da evolução do comércio para os próximos 50 anos, concluiu que: será do outro lado do planeta , no Oriente, que estará concentrado o dinamismo da economia mundial para os próximos anos.
Não é novidade hoje no quadro econômico mundial o crescimento da Ásia.
A China que tem uma participação no PIB mundial de 15%, chegará ao ano de 2050, com 21%, significando um crescimento de 60%.
A Ásia do Sul, com países como a Índia, terão um forte crescimento, passarão de 5%, para 10% , dobrando a sua participação no PIB mundial.
Em contrapartida e se nenhuma política for mudada, mantendo as atuais taxas demográficas e produção, a participação da Europa no PIB mundial, que hoje é de aproximadamente 25%, vai cair para próximo de uns 10%. Será uma lenta, mas inexorável saída da História.
As Américas também verão a sua participação reduzida, ainda que a o Mercosul consiga aumentar em cerca de 30% seu peso econômico.
Este deslocamento do eixo econômico do mundo para o Oriente, redesenha também uma nova geopolítica, transparecendo a disputa entre países ricos por uma fatia de influência nessa nova ordem.
A briga por espaços de influências no mundo globalizado por nações periféricas já começou, ficou claro para o mundo os desentendimentos entre o presidente americano, George W. Bush, o o francês, Jacques Chirac, em relação a guerra no Iraque.
Este estudo também quer indicar caminhos para a sobrevivência da União Européia (UE). Para continuar na competição uma saída é estimular a imigração(*), pois o crescimento da população na Europa esta comprometido, basta olhar que a média de filhos por mulher na região é de 1,4. Sendo que o mínimo desejável para a renovação de gerações é de 2,2. Mantido este rítmo de crescimento populacional em 2050, a população da União Européia será inferior a população do mercosul.
Para o Mercosul, é hora de alinhavar acordos com o maior número de parceiros para não ser apenas um nome na história. Para ganhar peso na economia mundial é preciso desenvolver relações equilibradas com a Ásia, a Alca e a UE.
Glossário
(*)imigração:entrada de estrangeiros, neste caso para suprir a falta de mão de obra.

Metropolização


O Brasil conhece o fenômeno da urbanização propriamente dita somente em meados do século XX. Até então, a vida urbana resumia-se, na maior parte do País, a funções administrativas voltadas a garantir a ordem e coordenar a produção agrícola.


Após a década de 50, como reflexo da industrialização, os nexos econômicos e o fator urbano tornam-se correlatos. Impõe-se uma nova lógica na organização da sociedade brasileira. As inovações econômicas e sociais são enormes, pois associam-se, neste contexto, à revolução demográfica, ao êxodo rural e à integração do território pelos transportes e comunicações. Crescem cidades de todos os tipos e com diferentes níveis funcionais. Tem início o processo de metropolização.
A nova base econômica, pautada na indústria e no urbano, ultrapassa, já em meados da década de 60, a região Sudeste. Consolida-se a formação do mercado nacional e um de seus principais pilares é exatamente a urbanização do território e seu respectivo sistema de cidades. A evolução da taxa de urbanização no Brasil indica a importância e a velocidade das transformações. Em 1950 este índice alcançava 36,16% sobre o total da população do País. Em 1970 representava 56,80%, ou seja, mais da metade da população, e em 1990, chega a 77,13%. A população urbana no Brasil, em 1991 - 115.700.000 de habitantes -, se aproximava da população total do País da década anterior - 119.099.000 habitantes em 1980.
Na década de 90 constata-se uma elevação nas taxas de urbanização das diversas regiões do País. O Sudeste, pioneiro do moderno sistema urbano brasileiro, apresentava, em 1996, um índice em torno de 88%, seguido pelo Centro-oeste, com 81%, o Sul, com 74,1%, o Nordeste, com 60,6%, e, por fim, o Norte, com 57,8%. De modo geral, o fenômeno é significativo e os diferentes índices refletem diferenças qualitativas ligadas à forma e ao conteúdo da urbanização. Tal fato é resultado do impacto da divisão social e territorial do trabalho que ocorreu, ao longo deste século, de modo diferenciado no território. No Sudeste e no Sul, o desenvolvimento industrial e o dinamismo dos diversos tipos de trabalho asseguraram uma rede urbana mais complexa.
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URBANIZAÇÃO

População rural é aquela que reside nas áreas rurais de um município, portanto fora do perímetro urbano. O conceito geral definido pelos censos demográficos em todos os países faz esta separação geográfica entre urbano e rural em virtude das diferenças econômicas e de infra-estrutura que são percebidas nestes dois conjuntos espaciais. Uma das principais características é a diferença na concentração, muito alta nas áreas urbanas e difusa nas rurais.
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção. Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida.
Hoje geógrafos econômicos e economistas desenvolveram conjuntamente conceitos sobre a localização de shopping centers relacionados com áreas industriais. Também estudaram os efeitos locais da expansão ou declínio industrial e estão cada vez mais direcionados para o planejamento urbano e rural. O uso de métodos estatísticos modernos intensificou a procura por leis gerais que, expressas em termos matemáticos, pudessem descrever vários fenômenos econômicos, notadamente o fluxo de comércio de uma área para outra.
Urbanização, transformação em cidade de uma determinada área. Do ponto de vista demográfico, é o deslocamento da população de localidades rurais para os centros urbanos. Exemplo típico, nos últimos anos, foi a criação de amplas regiões urbanizadas denominadas megalópolis.
Ela é anômala quando é anormal ou irregular, apresentando anomalia.
É explosiva quando há um crescimento rápido ou excessivo da população, a chamada explosão demográfica.
Urbanismo, desenvolvimento unificado das cidades e das regiões próximas a elas. Durante a maior parte de sua história, o urbanismo se centrou, sobretudo, na regulamentação do uso da terra e na disposição física das estruturas urbanas em função dos critérios estipulados pela arquitetura, pela engenharia e pelo desenvolvimento territorial. Em meados do século XX, o conceito foi ampliado, incluindo o ambiente físico, econômico e social de uma comunidade como um todo. Entre os elementos característicos do urbanismo moderno, estão os seguintes: 1) planos gerais que resumem os objetivos (e limitações) do desenvolvimento urbano; 2) controles de subdivisão e de divisão em zonas que especificam os requisitos, densidades e utilizações do solo permitidos na ruas, serviços públicos e outras melhorias a que se referem; 3) planos para a circulação e o transporte público; 4) estratégias para a revitalização econômica de áreas urbanas e rurais necessitadas; 5) medidas para ajudar os grupos sociais menos privilegiados; e 6) diretrizes para a proteção ambiental e a conservação de recursos escassos.
O urbanismo é levado a cabo tanto pela iniciativa pública (estatal, estadual ou municipal) como por grupos privados. É também objeto de estudo universitário.
HISTÓRIA As escavações arqueológicas de cidades antigas já revelam a existência de alguma planificação deliberada nas civilizações grega e romana, bem como no Extremo Oriente.
Durante o Renascimento, em acentuado contraste com as ruas estreitas e irregulares dos assentamentos medievais, a planificação insistiu em ruas amplas que respondiam a um padrão radial ou circunferencial regular, ou seja, ruas que formavam círculos concêntricos em volta de um espaço central, a chamada Grande Praça ou Praça Maior. Esses ideais de grandiosidade pública e de ruas radiais e circunferenciais se estenderam até o século XIX, mas o crescimento descontrolado das grandes cidades com um grave problema de superpopulação e outras dificuldades daí decorrentes provocou o surgimento de uma nova era dentro do urbanismo.
O URBANISMO NO SÉCULO XX No início do século XX, muitos países importantes tomaram medidas para formalizar leis baseadas em princípios urbanísticos.
A necessária reconstrução física a que se viram obrigadas as cidades depois da II Guerra Mundial deu origem a um novo desenvolvimento para a disciplina e datam daí consideráveis remodelações urbanas em numerosas cidades européias.
No final da década de 1960, a orientação do urbanismo ultrapassou o aspecto físico. Em sua acepção moderna, o urbanismo é um processo contínuo que afeta não só o projeto, cobrindo também temas de regulamentação social, econômica e política e, por fim, questões ambientais.

Níveis de urbanização

  • Conurbação: Corresponde ao encontro ou junção entre duas ou mais cidades em virtude de seu crescimento horizontal. Em geral esse processo dá origem a formação de regiões metropolitanas.
  • Metrópole: Segundo e Terra (2001), metrópole é a cidade principal ou cidade-mãe, isto é, a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país (metrópole nacional), ou de uma grande região do país (metrópole regional)". No Brasil cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais, e Belém, Manaus, Curitiba, metrópoles regionais. Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza são metrópoles nacionais.
  • Região metropolitana: Corresponde ao conjunto de municípios conurbados a uma metrópole e que desfrutam de infra-estrutura e serviços em comum.
  • Megalópole: Corresponde a conurbação entre duas ou mais metrópoles ou regiões metropolitanas. As principais megalópoles do mundo encontram-se em países desenvolvidos como é o caso da Boswash, localizada no nordeste dos EUA, e que tem como principal cidade Nova Iorque; San San, localizada na costa oeste dos EUA, tendo como principal cidade Los Angeles; Chippits, localizada nos grandes lagos nos EUA; Tokaido, localizada no Japão; e a megalópole européia que inclui áreas de vários países. No Brasil temos a megalópole Rio-São Paulo, localizada no sudeste brasileiro, no vale do Paraíba, incluíndo municípios da região metropolitana das duas grandes cidades, o elo de ligação dessa megalópole é a Via Dutra, estrada que interliga as duas cidades principais.
  • Megacidade: Corresponde ao centro urbano com mais de dez milhões de habitantes. Hoje em torno de 21 cidades do mundo podem ser consideradas megacidades, dessas 17 estão em países subdesenvolvidos. No Brasil São Paulo e Rio de Janeiro estão nessa categoria.
  • Tecnopolo: Corresponde a uma cidade tecnológica, ou seja, locais onde se desenvolvem pesquisas de ponta. Como exemplo temos o Vale do Silício na costa oeste dos EUA; Tsukuba, cidade japonesa, dentre outras. No Brasil, temos alguns tecnopolos localizados em especial no estado de São Paulo, como Campinas (UNICAMP), São Carlos (UFSCar), e a própria capital (USP, etc.).
  • Cidade global: são as cidades que polarizam o país todo e servem de elo de ligação entre o país e o resto do mundo, possuem o melhor equipamento urbano do país, além de concentrarem as sedes das instituições que controlam as redes mundiais, como bolsas de valores, corporações bancárias e industriais, companhias de comércio exterior, empresas de serviços financeiros, agências públicas internacionais. As cidades mundiais estão mais associadas ao mercado mundial do que a economia nacional.
  • Desmetropolização: Processo recente associado à diminuição dos fluxos migratórios em direção das metrópoles. Esse processo se deve em especial a chamada desconcentração produtiva, que faz com que empresas em especial industrias, se retirem dos grandes centros onde os custos de produção são maiores, e se dirijam para cidades de porte médio e pequeno, onde é mais barato produzir, em função de vários fatores como, por exemplo, os incentivos fiscais. Hoje no Brasil cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo não são mais aquelas que recebem os maiores fluxos de migrantes, mas sim regiões como interior paulista, o sul do país ou até mesmo o nordeste brasileiro.
  • Verticalização: Processo de crescimento urbano que se manifesta através da proliferação de edifícios. A verticalização demonstra valorização do solo urbano, ou seja, quanto mais verticalizado, mais valorizado.



O Desenvolvimento da Agricultura

Na década de sessenta, implementou-se a “revolução verde”, cujo impacto sobre a produção agrícola foi suficientemente amplo para demarcar um segundo período de desenvolvimento do setor. Esse fenômeno compreendeu o emprego de novas tecnologias, tais como o uso de herbicidas, fertilizantes e variedades de plantas com maior resposta à aplicação de fertilizantes. A assimilação dessa nova tecnologia resultou numa expansão na produção de alimentos e num rápido aumento na utilização de fertilizantes químicos.

Durante a revolução verde, a produção de trigo na Ásia no ano de 1969, por exemplo, superou em 30% a média do período de 1960-64, e a produção de arroz em 1969 excedeu em 18% a média do período de 1960-64. Os níveis de produtividade alcançados foram praticamente duas vezes superiores àqueles obtidos com a maior parte das variedades utilizadas anteriormente.

O aumento da eficiência agrícola reduziu, por um lado, importantes obstáculos ao desenvolvimento de economias asiáticas (como a indiana, paquistanesa e chinesa), onde milhões de indivíduos passavam fome, correndo sérios riscos de sucumbir à inanição. Por outro lado, as mudanças tecnológicas não foram assimiladas de forma homogênea, fazendo com que outros problemas de natureza social e econômica, associados à distribuição não-eqüitativa de renda, fossem agravados. Além disso, o entusiasmo com os ganhos de produtividade levou os agricultores a substituírem culturas tradicionais pelas que ofereciam maiores retornos.

Os benefícios da revolução verde em termos da maior oferta de alimentos têm sido ressaltados com maior freqüência. No entanto, vários estudos associaram seus efeitos a um agravamento de problemas socioeconômicos, tais como o desemprego e a desigualdade na distribuição de renda. A esses devem ser acrescentados os prejuízos relativos à degradação do solo por resíduos químicos.

Em período recente, a agricultura mundial vem-se defrontando com um processo que aparentemente pode ser identificado como uma terceira revolução ou a “biorrevolução”. Os principais fatores relacionados a esse processo são as agribiotecnologias emergentes, além dos sistemas de comunicação e a troca de informação de forma mais eficiente. De maneira geral, os objetivos dessa biorrevolução envolvem um aumento da quantidade e da qualidade na produção de alimentos, incluindo-se a elevação da taxa de produto por unidade de insumo. 

Norman Ernest Bourlag, conhecido como o pai da revolução verde, vê a engenharia genética, com suas plantas transgênicas e clones de animais, como a frente de uma nova revolução na produção de alimentos.

Vários trabalhos conduzidos em meados da década de 80 têm sugerido que esse novo processo de transição tecnológica tem um maior potencial para apresentar impactos positivos em termos distributivos e de geração de empregos, comparado à revolução verde. Esse argumento sustenta-se em perspectivas de que a infusão de biotecnologias venha a proporcionar condições para um desenvolvimento econômico mais integrado e equilibrado entre a agricultura e o setor industrial, ao contrário do que ocorreu na revolução tecnológica da década de 60.
O desafio apresenta-se, portanto, como a determinação de formas para maximizar os benefícios das agribiotecnologias na economia brasileira, ao mesmo tempo em que se minimizam os custos socioeconômicos associados a problemas distributivos.
Diante do problema das 786 milhões de pessoas que sofrem de fome no mundo, os propagandistas de nossa ordem social têm uma solução fácil: obtermos mais alimentos através dos prodígios da engenharia química e genética. 
Para os que recordam da promessa original da Revolução Verde de acabar com a fome através do emprego de sementes milagrosas, este chamado em favor da Revolução Verde II deveria soar vazio. De fato, se para enfrentar o problema da fome a fórmula limita-se a aumentar a produção de alimentos, ela fracassará, já que não será modificada a pronunciada concentração do poder econômico e, especialmente, o acesso à terra. 

Inclusive, o Banco Mundial chegou à conclusão, num importante estudo realizado em 1986, que a fome mundial só pode ser aliviada por meio da "redistribuição do poder de compra e dos recursos em favor dos que estão desnutridos". Em poucas palavras, se os pobres não têm o dinheiro para comprar alimentos, o aumento da produção não os ajudará. 

Além disso, a Revolução Verde faz com que a atividade agrícola seja dependente do petróleo. Na Índia, a adoção de novas sementes esteve acompanhada por um aumento exponencial do uso de fertilizantes. Entretanto, o aumento da produção agrícola para cada tonelada de fertilizante utilizada nesse país caiu em dois terços. De fato, durante os últimos 30 anos, o crescimento anual do uso de fertilizantes nos cultivos asiáticos de arroz foi de três a 40 vezes mais rápido do que o crescimento da produção. Nos Estados Unidos, as sementes melhoradas combinadas com fertilizantes permitiram maiores colheitas que, por sua vez, fizeram baixar os preços que os agricultores obtêm por sua produção. Entretanto, os custos da atividade agrícola aumentaram vertiginosamente, diminuindo drasticamente as margens de lucro dos agricultores. 

Os Estados Unidos por exemplo viram diminuir o número de fazendas em dois terços, enquanto o tamanho médio das propriedades aumentou mais que o dobro, desde a Segunda Guerra Mundial. A decadência das comunidades rurais, o surgimento de bairros marginalizados no centro das cidades e o aumento exagerado do desemprego aconteceram depois da vasta migração do campo para a cidade. Pensemos o que significa o equivalente êxodo rural no Terceiro Mundo, onde o número de desempregados já é o dobro ou o triplo do registrado nos Estados Unidos. 

O único modelo com o potencial para acabar com a pobreza rural e para proteger o meio ambiente e a produtividade da terra para as futuras gerações é uma agricultura baseada na exploração de pequenas fazendas que sigam os princípios da agroecologia. Dos Estados Unidos à Índia, a agricultura alternativa está se mostrando viável. Nos Estados Unidos, um estudo que representou um marco, feito pelo National Research Council, diz que os agricultores alternativos produzem mais por acre, com custos mais baixos por unidade colhida, embora muitas políticas federais desestimulem a adoção de práticas alternativas". 


Considerando-se, portanto, que, na atual conjuntura política do país, os esforços no sentido de promover a retomada do crescimento econômico têm sido evidentes e direcionados, a princípio, a um desenvolvimento intersetorial mais integrado e equilibrado, neste contexto, a biorrevolução pode ser identificada como um processo adequado às metas políticas governamentais recentes. As expectativas relativas ao efeito da assimilação dessas novas tecnologias têm sido positivas, tanto para questões da produção como para questões socioeconômicas, de forma que o planejamento adequado desse processo deve ser tratado com a devida atenção, à medida em se procura evitar a reincidência de impactos negativos relativos a mudanças tecnológicas na agricultura brasileira.



     Agricultura Brasileira

A Revolução na Agricultura Brasileira - Entre 1990 e 2002, o PIB agropecuário cresceu numa média de 3,2%, enquanto a economia como um todo ficou em 2,7%.

Ciclos Econômicos
Uma das maneiras de contar a história do Brasil é pelos ciclos agrícolas que se sucederam na terra onde se plantando tudo dá. Do extrativismo primitivo do pau-brasil, nos primórdios da colonização, ao moderno agronegócio atual, cada ciclo criou sua civilização brasileira. A marca registrada de quase todas elas foi ter se erguido sobre monoculturas, quase sempre motivadas por bolhas artificiais de demandas externas que, uma vez estouradas, deixavam os agricultores nacionais quebrados. Foi assim sucessivamente com o pau-brasil, com a cana-de-açúcar e com o café. Em sua História das Civilizações, o francês Fernand Braudel (1902-1985) relata esses períodos de prosperidade exuberante logo seguidos de frustração e pobreza, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina. "Essa realidade abrupta, instável e imprevisível sempre teve o poder destrutivo de desestabilizar toda a economia dos países", escreveu Braudel, para concluir, em seguida: "Os países latino-americanos só vão conseguir romper a condenação desses ciclos quando unirem agricultura movida a pesquisa, máquinas e grandes investimentos".

O Moderno Agronegócio Brasileiro é justamente a feliz reunião de alta tecnologia, equipamentos de ponta e crédito farto. Por essa conjunção de fatores, o campo brasileiro reúne as condições materiais para escapar da maldição dos ciclos que tantas cicatrizes deixaram na história econômica das Américas. A atual civilização do campo reflete a solidez da base material sobre a qual está plantada. Da fronteira com o Uruguai ao Oiapoque, a agricultura e a pecuária possuem vários níveis de desenvolvimento e tamanho, mas uma característica em comum. As áreas de excelência ligadas ao mercado externo crescem em toneladas produzidas e em riqueza gerada a cada ano. Partes dos três Estados do Sul, de São Paulo, de Minas Gerais, da Região Centro-Oeste e de áreas cada vez maiores do Nordeste são uma das principais locomotivas da economia. Produzem, empregam, exportam, consomem e dão forma a uma nova civilização. 

A Zona Rural Globalizada : O novo avanço do setor exportador baseado no agronegócio está modificando as linhas da fronteira do que antes separava o mundo rural do mundo urbano. O sucesso do agronegócio fez com que o atrasado de ontem se tornasse o globalizado de hoje. O agricultor de soja perdido no interior de Mato Grosso está mais próximo do Primeiro Mundo, a cujas bolsas de mercadorias ele se liga instantaneamente por internet, do que a dona-de-casa que compra uma lata de óleo de soja na prateleira de um supermercado da capital.

Uma Economia Sem Crise : Entre 1990 e 2002, o PIB agropecuário cresceu numa média de 3,20%, enquanto a economia como um todo ficou em 2,70%. Nos últimos cinco anos, o ritmo de crescimento do setor foi quase o dobro do registrado pelo país. Os agricultores brasileiros são os mais competitivos na produção de açúcar, soja, algodão e laranja. O país já é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango. Junto, o agronegócio representa cerca de 35% da economia brasileira. O Brasil só não é o maior exportador de produtos agrícolas do mundo porque os Estados Unidos e a União Européia entopem seus produtores de subsídios e depois despejam seus produtos no mercado internacional.

Todos Saem Ganhando : Os beneficiários da riqueza que sai do solo extrapolam em muito o universo das fazendas. Como as fazendas são cada vez mais dependentes da tecnologia de ponta e da gestão eficiente, a lista dos favorecidos inclui um contingente crescente da classe média. São especialistas em software, engenheiros, administradores, representantes de companhias de comércio exterior e empresas de máquinas e serviços agrícolas. Também faturam vendendo para quem ganhou dinheiro com o agronegócio. São os donos e empregados de restaurantes, universidades, construtoras e de vários outros empreendimentos que crescem a reboque.

Outro Mundo : Nos pólos agrícolas bem-sucedidos de todas as regiões brasileiras, a lógica é diferente da das capitais. As altas do dólar são sempre comemoradas porque significam mais reais por tonelada vendida. A visão de mundo é diferente. Uma grande quebra de safra de açúcar na Austrália, de soja nos Estados Unidos, de café no Vietnã ou de algodão no Paquistão – que sempre passa despercebida nas metrópoles – é motivo de festa no interior.





A AGICULTURA BRASILEIRA E A REFORMA AGRÁRIA


A Implementação da reforma agrária no Brasil tem encontrado no decorrer da História a oposição firme e bem-sucedida dos grandes proprietários e latifundiários que concentram a maior parcela das terras cultiváveis do País.
Esse processo de redistribuição de terras é sobretudo uma questão política e social. Ele depende, por sua própria natureza, do debate e da ampla participação de todas as classes sociais, principalmente os trabalhadores rurais, intrinsecamente ligados à terra, mas dela sempre excluídos.

O fato de a reforma agrária não Ter avançado deixa milhões de trabalhadores rurais sem grandes alternativas, forçando-os muitas vezes a ocupar terras que são mantidas inexploradas para fins lucrativos. Isso porque os salários no campo são baixíssimos e há milhões de camponeses que só encontram serviço nas épocas de safras (os trabalhadores temporários), mas que querem cultivar o solo e alimentar suas famílias.
Dentro desse contexto, pode-se discutir dois conceitos de propriedade: a) terra para trabalho; b)terra para negócio. A terra para trabalho é aquela utilizada para sobrevivência, garantindo direito à vida. A terra  para negócio serve para explorar o valor da propriedade no mercado imobiliário, isto é, ela não se destina à produção e, dessa forma, não cumpre sua função social.
Como se vê, temos duas concepções diferentes e antagônicas de propriedade da terra. Para uns a propriedade é sagrada e inviolável, podendo o dono fazer (ou não fazer) com ela o que bem entender. Para outros a propriedade deve atender a uma função social, deve ser produtiva, pois não é desejável, num país com milhões de pessoas subalimentadas, deixar bons solos sem criações ou cultivos adequados.
Assim, os sem-terra montam seus acampamentos em fazendas improdutivas, procurando criar uma situação que obrigue o governo a desapropriar essas terras e distribuí-las às famílias camponesas. Também nesse caso temos duas concepções distintas acerca do mesmo fato: para os proprietários, trata-se de invasão; já para os camponeses trata-se de uma ocupação. No fundo, esse desentendimento evidencia uma outra discordância, muito mais concreta, acerca do conceito de propriedade. Vale a pena esclarecer que, para os trabalhadores rurais, a ocupação de terras ociosas, que não cumprem sua função social (com cultivo, pastagens), não constitui invasão, pois eles têm como princípio o “direito à vida”, garantido pela nova  Constituição.
Nesse processo de ocupação, os camponeses  têm se organizado através do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A etapa posterior à instalação dos acampamentos tem sido uma negociação com as autoridades governamentais, com as seguintes alternativas:
1.      A expulsão da terra e a reintegração de posse para o proprietário ou para o Estado, no caso de terras públicas.
2.      A terra seria decretada para fins de reforma agrária e o proprietário seria indenizado; as benfeitorias seriam pagas em dinheiro e a terra em TDAs (Títulos da Dívida Agrária). A etapa seguinte seria o assentamento (isto é, a fixação legal do camponês à terra) e a obtenção de crédito e assistência técnica.
É importante lembrar que esse processo de luta pela terra (acampamento - assentamento) é muito complexo e violento, não raras vezes envolvendo muitas mortes. De 1964 a 1984 foram assassinadas 884 pessoas, sendo que 565 dessas mortes ocorreram entre 1979 e 1984. De 1985 a 1987 o número de mortes por ano no campo duplicou, perfazendo um total de 787 pessoas.
Na realidade, existem reformas agrárias, no plural, pois elas são sempre diferentes, de acordo com o país onde ocorrem. Elas nascem de mudanças históricas, que são específicas a cada sociedade – não bastam o desejo isolado de algum político ou a vontade de imitar outro país.
São condições sociais que dão origem às lutas pelas terras, à falta de gêneros alimentícios, à distribuição desigual das propriedades, que podem resultar em reformas agrárias. E estas não se limitam à mera distribuição de lotes de terra, pois, para serem conseqüentes, elas necessitam de uma política agrícola de créditos bancários – para a compra de sementes, de adubos, de máquinas, de tratores etc. – além da assistência técnica e da criação das condições para o escoamento da produção.
Uma reforma agrária não visa apenas corrigir uma situação objetiva de injustiça social, mas destina-se a ampliar a produção agrícola, a transformar amplas extensões de terras improdutivas em solos produtivos, cultivados. Assim, aumentando a oferta de gêneros alimentícios, a redistribuição de terras interessa também à imensa maioria da população.


REFORMA AGRÁRIA

Revisão da estrutura agrária de um País com objetivo de realizar uma distribuição mais igualitária da terra e da renda agrícola. No Brasil, a questão da terra é hoje um grave problema social por causa da grande desigualdade na distribuição da propriedade. Envolvendo promessas do Governo, acusações entre os fazendeiros e trabalhadores sem-terra e muita violência, o problema tem suas origens na época colonial.
Das sesmarias à Lei de Terras – durante a colonização, Portugal aplica no Brasil a legislação e a política agrária praticadas na metrópole desde o século XIV. Baseia-se na doação de terras de domínio público – terras devolutas – a particulares no regime de sesmaria, ou seja, na condição de cultivá-las dentro de certo prazo. O objetivo é tanto o aumento da produção agrícola quanto a ocupação territorial. No Brasil, a concessão da sesmarias é atribuída aos donatários e governantes das capitanias e depois também às câmaras municipais. Enquanto na metrópole as concessões eram pequenas, na colônia, em razão das grandes dimensões de território e do não-reconhecimento dos direitos dos índios sobre suas terras, as sesmarias viram imensos latifúndios.
O governo português tenta controlar esse crescimento excessivo das propriedades, quase nunca acompanhado  por igual crescimento da produção. Em 1695 limita-se o tamanho das sesmarias ao máximo de 4 léguas de comprimento por 1 légua largura (cerca de 24 Km², ou 2.400 há). Na prática isso não funciona, porque muitas terras são ocupadas em regime de posse (direito de propriedade decorrente da exploração efetiva e duradoura de terras não ocupadas e raramente legalizadas. Além disso, na agricultura extensiva da colônia, a produção se realiza pela ocupação contínua de novas áreas, fazendo com que as propriedades rurais cresçam sempre mais em tamanho do que em produtividade. Em 1822, às vésperas da independência, o regente Dom Pedro extingue o regime das sesmarias.
No Império, as principais medidas de regulamentação de acesso e posse legal da terra são tomadas na Lei de Terras, de 18 de Setembro de 1850. Ela estabelece que as terras devolutas só podem  ser legalmente adquiridas por compra em leilões públicos e que as terras ou posseiros somente devem ser legalizadas na parte efetivamente ocupada e explorada para o sustento da família proprietária. O objetivo é ordenar a propriedade agrária e criar um mercado de terras, pois, com o fim do tráfico de escravos, elas se tornariam o capital que iria substituir o investimento feito em mão-de-obra e impedindo assim que futuros escravos libertos tomassem posse das terras.
Terras na República – Essa  lei não impede o crescimento  da concentração agrária. A ocupação de novas terras continua a acontecer de forma irregular, e, às vezes, violenta pelos grandes proprietários para quem a terra agora, além de símbolo de prestígio e poder, é uma reserva de valor. Já os pequenos proprietários, em geral posseiros, encontram dificuldade para legalizar a posse  e não tem meios  de disputar o mercado de terras – nas áreas de expansão agrícola, porque a terra é valorizada, e nas áreas pioneiras, porque a terra é dominada pelos “coronéis” latifundiários ou seus prepostos.
Com a República, essa situação não muda. Na República Velha, os estados passam a administrar as terras públicas, facilitando sua apropriação pelas oligarquias e coronéis. Em 1920, 4,5% dos proprietários possuem a metade das propriedades rurais do país. Esse processo gera a redução das áreas de produção de subsistência, fazendo a nação importar alimentos e a expansão descontrolada das áreas agroesxportadoras, levando às crises de superprodução, como a do café entre os anos 20 e 30. Após a Revolução de 1930 é criado o Ministérios da Agricultura, mas durante toda a era Vargas os problemas agrários ficam em segundo plano, inclusive no Estado Novo, quando é instituída a legislação trabalhista para os trabalhadores urbanos.
A reforma agrária – A partir das décadas de 40 e 50, o tema reforma agrária ganha destaque, a crescente modernização da agricultura e da industrialização do país intensificam o êxodo rural, as migrações regionais e a concentração fundiária. Por outro lado a organização dos trabalhadores rurais em sindicatos e federações faz crescer os movimentos reivindicatórios  no campo, como as Ligas Camponesas. Para o estado, a questão da terra vira um desafio político e para os partidos, uma bandeira ideológica.
Nos anos 60, o governo de João Goulart anuncia o lançamento das “reformas de base”, começando pela reforma agrária. Logo após a implantação do Regime Militar de 1964 é criado o Estatuto da Terra (1964) e, em 1970, o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), para tratar da questão agrária. Os resultados práticos são pequenos. Com a política de incentivos fiscais dos anos 70 para os grandes empreendimentos agropecuários e extrativistas, a concentração aumenta mais, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto os projetos do INCRA, como as agrovilas da Amazônia, não se viabilizam.
Na década de 80, os problemas da terra se agravam. A concentração fundiária continua grande: enquanto 4,5 milhões de pequenas propriedades de até 100 ha têm apenas 20% de toda a área e empregam 78% da força de trabalho rural, 50 mil grandes propriedades com mais  de 1.000 ha ocupam 45% da área e absorvem 4% da mão-de-obra. Com o fim do “milagre econômico” e a recessão há um grande aumento do desemprego e do êxodo rural. Com isso cresce o número de conflitos violentos no campo: são 4,2 mil entre 1987 e 1994, deixando centenas de vítimas.
O governo tem usado a política dos assentamentos em terras públicas e áreas consideradas improdutivas e desapropriadas para fins de reforma agrária. Nos últimos 12 anos são assentadas pouco mais de 300 mil famílias, menos de 7% do que seria necessário segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terras (MST), que hoje lidera a mobilização social no campo . Para o MST há 4,5 milhões de famílias no Brasil para assentar. Os proprietários reagem contra as pressões e as invasões de terra do MST, também organizadas em entidades, como a União Democrática Ruralista (UDR).
Hoje se discute a eficiência da reforma agrária como solução econômica (aumento da produção) e social (aumento do emprego e maior equilíbrio  entre a cidade e o campo). Para uns, a produção nas pequenas propriedades já não é mais competitiva, sobretudo na era da globalização econômica, e por isso não deveria ser estimulada. Para outros, ao contrário, as pequenas propriedades continuarão a ser responsáveis pelo maior número de empregos no campo e pela maior produção de alimentos de consumo interno.

A “REFORMA AGRÁRIA” DOS SEM-TERRA
1985 foi um ano de preocupações organizadas de terras por trabalhadores rurais sem terra. Firmou-se, especialmente no sul do país, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Sua origem localizou-se no agravamento das condições de vida e trabalho dos trabalhadores no campo  e no desemprego crescente no campo e nas cidades. A não realização da reforma agrária prometida  em 1964 no Estatuto da Terra e a colonização oficial, atraindo e depois abandonando os colonos nas áreas pioneiras, sem condições de vida e de escoamento de produção, fizeram crescer a decisão: nós precisamos conquistar a terra em nossa região.
Esta decisão teve no Movimento dos Sem Terra o principal instrumento de organização. E o resultado foi que no final do ano havia 42 acampamentos com 11.655 famílias – perto de 60.000 pessoas – espalhadas em 11 estados de Norte a Sul do país. Praticamente todos esses acampamentos foram antecidos por ocupações de terra.
Pode-se dizer que todos os “projetos de assentamento” realizados recentemente foram conquistas dos trabalhadores. Os governantes atenderam à reivindicação teimosa do povo.
Durante o tempo em que o governo apresentou a proposta e elaborou o seu PNRA, o movimento usou uma tática de aumentar a organização e pressionar o governo para que a reforma agrária atendesse às aspirações dos Sem Terra. A decretação do PNRA, além de decepção, levou o movimento a executar mais ações de conquistar a terra.
Em outras palavras: os Sem Terra se deram conta que do governo não vem reforma agrária, pois ele apoia os proprietários. Por isso, cresce a decisão e a prática de organização do Movimento dos Sem Terra, como instrumento da reforma agrária feita pelos trabalhadores.
Isso reforça e aumenta a luta popular pela terra. Somam-se aos milhares (ou milhão) de posseiros que, em outros momentos e em outras condições, ocuparam terra “livres” e agora travam lutas sangrentas para ver seus direitos reconhecidos. Além disso, a ação do Movimento dos Sem Terra dá outro peso e abre novas perspectivas para a luta organizada dos assalariados do campo.

 EXERCÍCIOS:

VESTIBULAR 2006
Ufscar) Apesar de se considerarem defensores da democracia e do direito à autodeterminação dos povos, os Estados Unidos da América, desde o século XIX, executam uma ação imperialista agressiva, com intervenção política e/ou militar em diversos países e regiões. Na tabela, procura-se relacionar algumas
áreas e formas de intervenção imperialista estadunidense com possíveis ações empreendidas por este país.


Estão corretas, apenas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
(Fuvest) Responda a partir do gráfico:
a) Qual desses países teve mais gastos militares em relação ao PIB, em 2003? Justifique.
b) Qual país repassou mais recursos, em relação ao PIB, a países pobres em 2003? Justifique.
c) Relacione a busca de paz mundial aos dados da tabela.

Resposta
a) Em posição bem à frente dos demais, destacam-se a Grécia e os EUA, seguidos de longe pelo Reino Unido, Austrália e França. Como justificativa para os gastos da Grécia podemos citar a proximidade
com o Oriente Médio, península Balcânica e Chipre. Quanto aos EUA, os gastos justificam-se pela invasão do Iraque e manutenção de suas tropas naquele país desde 2003 e no Afeganistão desde 2001.
b) O pais que passou mais recursos aos países pobres, em relação ao PIB, foi a Suíça. Este repasse se justifica por sua posição histórica de neutralidade política (não participação) em conflitos mundiais,
destinando então, verbas para o desenvolvimento social de economias mais frágeis.
c) De acordo com o gráfico apresentado, a busca pela paz mundial fica quase impossível, se levarmos em consideração que os gastos governamentais com despesas militares são bastante superiores à
ajuda ao desenvolvimento de países mais pobres. Isso, de certa forma, mantêm as desigualdades sócio-econômicas em níveis cada vez mais alarmantes, tornando-se estopim de conflitos em diversas
partes do mundo, inclusive nos países ricos, como França e Austrália.

(Urca) Quando o mundo vivia o período da Guerra Fria, o poder era assentado na capacidade militar das duas superpotências; atualmente no mundo multipolar pós-Guerra Fria, o mesmo poder é medido através de novos padrões de influência no mundo. Assinale a opção que não corresponde a esses  novos padrões:
a) disponibilidade de capitais;
b) índices de competitividade;
c) avanço tecnológico;
d) qualificação da mão-de-obra;
e) posse do maior arsenal nuclear.

VESTIBULARES ANTERIORES
(Unifei) Os americanos reelegeram George W. Bush para mais quatro anos de mandato nos EUA. Apesar de ter sido um governo bastante controverso, ter rompido com velhas alianças e desrespeitado importantes organismos internacionais, como a ONU, o eleitorado norte-americano apóia a “doutrina Bush” no que diz respeito ao chamado “eixo do mal”. Quais são os principais países que se diz fazerem parte desse “eixo”?
a) Líbia – Cuba – Coréia do Norte.
b) Iraque – Cuba – Egito.
c) Irã – Coréia do Norte – Iraque.
d) Líbia – Irã – Egito.

(Pucpr) O presidente dos EUA, George W. Bush, praticou a doutrina de ação militar preventiva contra inimigos, para justificar a guerra contra o Iraque em 2003.
No pós-Guerra Fria, como intervenções norte-americanas:

I. Os EUA lideraram a coalização internacional que expulsou tropas iraquianas do Kuait (1991).
II. Em conseqüência dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque, os EUA derrubaram o governo fundamentalista do Taleban no Afeganistão.
III. Em 1995, os EUA enviaram tropas para o Vietnã do Sul no combate contra os comunistas do Vietnã do Norte.
IV. A CIA forneceu ajuda ao presidente da Colômbia, Hugo Chávez, ameaçado de perder o cargo por causa de uma greve de funcionários da empresa estatal de petróleo daquele país (2002).

Estão corretas:
a) Apenas I e III.
b) Apenas I e II.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
e) Apenas II e IV.
(Uel) Observe as imagens a seguir.


A imagem 1 refere-se à derrubada de uma estátua do ditador iraquiano Saddam Hussein, ocorrida no centro de Bagdá, em 9 de abril de 2003. A imagem 2 mostra a derrubada de uma estátua improvisada do presidente norte-americano, George W. Bush, em uma praça no centro de Londres, durante um protesto de mais de 100.000 pessoas, organizado pela coalizão “Stop the War” (Pare a Guerra), em 20 de novembro de 2003.
Com base nas imagens, considere as afirmativas a seguir.
I. O protesto contra George W. Bush constrói uma paródia da derrubada da estátua de Saddam Hussein, objetivando caracterizar satiricamente os dois personagens como politicamente semelhantes.
II. Os dois eventos demonstram como a recorrência da simbologia atribuída aos monumentos constitui um elemento importante do discurso político contemporâneo.
III. O fato de a estátua de Saddam Hussein ser um verdadeiro monumento e a de George W. Bush ser alegórica torna impossível estabelecer analogias entre
os dois episódios.
IV. As duas imagens revelam atitudes de vandalismo nos protestos contra Saddam Hussein e George W. Bush, o que retira a legitimidade dessas ações como mobilizações políticas autênticas.

Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I e II.
d) I e IV.
e) III e IV.

(Pucrs) O atentado que causou a morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, alto comissário da ONU para os direitos humanos, relaciona-se diretamente com
a) a questão palestina na Faixa de Gaza.
b) a tendência pró-Israel da atual política externa brasileira.
c) as lutas políticas internas da Arábia Saudita e da Síria.
d) a ocupação norte-americana do Iraque.
e) as ações terroristas de grupos sediados no Afeganistão.

(Uff) Sobre o papel dos três grandes centros do poder mundial - Estados Unidos, União Européia e Japão - afirma-se, corretamente:
a) A hegemonia bélico-militar continua sendo dos Estados Unidos.
b) O domínio do estratégico setor de informática está nas mãos do Japão.
c) O poder econômico-financeiro se concentra cada vez mais na União Européia.
d) Os índices de desemprego mais elevados são os do Japão.
e) A hegemonia cultural e o maior controle de mídia pertencem à União Européia.

(Uerj) O dia 11 de setembro de 2001 não será esquecido. Nessa data, o mundo se deu conta da sua fragilidade e de que alguma coisa havia mudado com relação ao século XX, no que diz respeito às relações internacionais. Trata-se de um acontecimento que expressa as modificações que integram o processo iniciado com o fim dos regimes socialistas do Leste Europeu na passagem da década de 1980 para a de 1990.
Esse processo pode ser considerado como a transição entre as duas seguintes situações:

a) polarização entre dois blocos econômicos, políticos e militares - avanço da globalização sob a liderança dos EUA
b) intolerância religiosa entre países de origens culturais diferentes - crescimento das religiões ocidentais em detrimento da cultura oriental
c) coexistência entre diversos continentes de poderio econômico equivalente - acirramento da rivalidade ideológica entre capitalismo e comunismo
d) integração entre um mundo exportador de alimentos e um outro produtor de manufaturados - isolamento crescente entre os grandes produtores internacionais

(Pucsp)
"A revolução militar é movida pelos EUA fundindo: planejadores do Pentágono, o complexo industrial-militar americano e a tecnologia do Vale do Silício. Os EUA são responsáveis por 40 a 45% dos gastos militares de 189 países do mundo".
            (KENNEDY, Paul. "Poderio bélico dos EUA não garante segurança". Folha de S. Paulo, 12 de setembro de 2002).

Considerando-se essa informação é INCORRETO afirmar que
a) as guerras são inerentes à política internacional dos estados modernos; a força militar é argumento decisivo em última instância.
b) o uso da força militar organizada como meio de defesa do território e da sociedade é um dado da soberania nacional no mundo moderno.
c) os EUA usam seu poderio militar como meio de persuasão na política internacional, alegando a defesa de sua nação e dos valores da liberdade.
d) a força militar, embora represente um meio não político de se fazer política internacional, sempre foi utilizada pelas potências, após decisão política na ONU.
e) as atuais ações dos EUA em relação ao Iraque são uma demonstração nítida do uso da força militar como meio presente e aceito de se fazer política internacional.

(Ufrs) Acusado de abrigar grupos terroristas em seu território, o Afeganistão tornou-se alvo de retaliação dos Estados Unidos por causa dos atentados ocorridos em 11 de setembro de 2001 nas cidades de Nova Iorque e Washington. Com relação aos países envolvidos nesse conflito e às novas derivações geopolíticas e econômicas daí resultantes, são feitas as seguintes afirmações.
I - A mistura étnica no Afeganistão é um importante componente da guerra civil que assola o país desde a partida dos invasores soviéticos em 1989. Os patanes compõem a maioria absoluta do Talibã, enquanto que os tadjiques formam a maioria das forças que lutam contra o Talibã.
II - Para qualquer tropa invasora, o território afegão é bastante inóspito. Contribuem para isso as variações climáticas regionais, com invernos extremamente frios e verões muito quentes.
III - Nos últimos anos, os norte-americanos e os ingleses vinham tentando uma aproximação comercial com o governo talibã. O interesse são as jazidas petrolíferas do Mar Cáspio, cujas reservas são maiores que as dos países do Golfo Pérsico.
IV - Os Estados Unidos obtiveram dois parceiros estratégicos na sua ofensiva militar contra o Afeganistão: o Japão e a Rússia. O primeiro é um importante aliado devido às suas boas relações com as ex-repúblicas soviéticas vizinhas ao Afeganistão; já a Rússia, em apoio à luta contra o terrorismo, aprovou uma lei que permite ações militares pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Quais estão corretas?
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas II e III.
d) Apenas II e IV.
e) Apenas III e IV.

(Pucmg) São características da atual ordem mundial, EXCETO:
a) a multipolaridade, ou seja, a existência de vários pólos ou centros de poder mundial.
b) a existência de três centros mundiais, com poderio econômico, tecnológico e político-diplomático: os Estados Unidos, o Japão e a União Européia.
c) a crescente cooperação e interdependência internacional e a diminuição da possibilidade de conflitos armados mundiais.
d) a existência de somente um agente ou ator no cenário internacional, controlador das relações econômicas e político-militares: o Estado Nacional.
e) a existência de uma realidade mais complexa, com múltiplas oposições ou tensões econômicas, étnicas, religiosas, ambientais etc.

(Cesgranrio) No mundo globalizado em que vivemos, Estados Unidos, Japão e Alemanha representam os mais importantes centros geográficos. Entretanto, também a China se vem destacando no cenário mundial, recentemente, em virtude de sua:
a) importância cultural.
b) extensão territorial.
c) atuação diplomática.
d) massa de população.
e) capacidade de exportação.

(Ufpr)
 "A Geografia é, antes de mais nada, um saber estratégico intimamente ligado a um conjunto de práticas políticas e militares e são essas práticas que exigem a acumulação articulada de informações extremamente variadas."
 (LACOSTE, Y. A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. São Paulo: Papirus, 1989. p.21-30.)

Aplicando essas considerações de Lacoste aos recentes conflitos que têm ocorrido em diversos continentes, é correto afirmar:
(01) As estratégias de guerra implicam uma análise precisa de combinações geográficas entre elementos heterogêneos para planejar a ocupação de determinada área, para torná-la inabitável ou mesmo para levar a cabo um genocídio.
(02) As zonas de tensão do mundo atual são espaços geográficos onde ocorrem, de forma aguda, conflitos étnicos, nacionalistas e separatistas. Esses conflitos são conduzidos por grupos organizados nacional ou internacionalmente.
(04) Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e seus aliados da OTAN intervinham militarmente em países estrangeiros para manter ou expandir sua hegemonia política. Com a derrocada do comunismo, essas intervenções passaram a ser feitas para evitar que tensões localizadas tenham repercussões econômicas e geopolíticas mais amplas, que podem afetar os interesses desses países e a dinâmica econômica mundial, como no exemplo da Guerra do Golfo.
(08) O emprego das novas tecnologias bélicas utilizadas no Vietnã, na Sérvia, no Iraque e no Afeganistão independe do conhecimento das condições ambientais, pois os fatores geopolíticos é que são decisivos.

Resposta: V V V F
(Ufsc) Dois importantes acontecimentos realizados em julho de 2001 terão reflexos sobre o planeta e a vida de seus habitantes: a reunião em Gênova (Itália) dos países do G-7, mais a Rússia, e a Conferência do Clima em Bonn (Alemanha).
(Uel) A questão está relacionada ao gráfico e às afirmações a seguir.
I. Neste final de século, a riqueza mundial encontra-se muito concentrada.
II. No conjunto dos sete países mais ricos do mundo, dois são norte-americanos.
III. Todos os países que compõem a União Européia fazem parte do Grupo dos Sete.
IV. O Japão é o representante asiático no Grupo dos Sete.
V. Com a globalização em curso, a participação do Grupo dos Sete deverá ser a metade da representada em 1997.

A leitura do gráfico e seus conhecimentos sobre a economia mundial permitem concluir que estão corretas SOMENTE
a) I, II e III
b) I, II e IV
c) I, III e V
d) II, IV e V
e) III, IV e V

Sobre esses dois encontros, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01. O acordo estabelecido em 1997, no Japão, seguindo as decisões da Convenção sobre Mudanças Climáticas da Rio-92, que obriga as nações ricas a reduzirem suas emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa até 2012, não teve o respaldo de todos os países na Conferência sobre o Clima, em Bonn.
02. A recusa do presidente George W. Bush em transformar o Protocolo de Kyoto em lei doméstica no seu país trará prejuízos à iniciativa de redução do consumo de combustíveis fósseis de outros países, pois os Estados Unidos são responsáveis pelo uso de um quarto de petróleo, carvão e gás natural do planeta.
04. A reunião realizada em Gênova, assim como as anteriores em Seattle, Quebec, Washington e Praga, mostrou ao mundo o descontentamento de grupos ativistas que lutam contra os encaminhamentos das decisões das principais potências do globo, as quais frustram a vida de milhares de cidadãos pelo mundo.
08. As instituições atuais como a Organização das Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial continuam a enfrentar e a resolver plenamente os numerosos e complexos problemas mundiais que afetam toda a humanidade.
16. A reunião de Gênova definiu medidas de caráter humanitário, como o cancelamento da dívida dos países mais pobres, a promessa de ajuda à África e a criação de um fundo de combate à AIDS, porém se absteve de discutir uma política global relativa ao desequilíbrio estrutural que afeta a economia do mundo.

Resposta:   01 + 02 + 04+ 16 (23)